O dono do terreiro!

Quando ele chegou, indicado por um vizinho, ninguém imaginava que mais tarde se tornaria o dono do terreiro. Tudo começou quando o “besta” aqui sem entender o motivo da falta de ovos no galinheiro foi se aconselhar com o vizinho, precisava saber a razão das galinhas não estarem botando normalmente, além do estresse vivido por elas.

Depois da explicação, fui à caça de um bom galo, e o encontrei numa feira de animais na cidade, a elegância do galo valia o preço pedido pelo ex-dono. Já em casa corri para apresentá-lo as galinhas que se assanharam ao vê-lo, e é a partir daí que começa o transtorno, todo invocado, “pôs” ordem no galinheiro em dois dias, no terceiro dia as galinhas voltavam à postura, o problema é que o “sem vergonha” tomou conta do pedaço e eu não conseguia mais entrar para recolher os ovos.

Para tentar entrar, apenas com uma vassoura na mão, e mesmo assim encarava como gente grande, os menos corajosos nem se aproximavam do alambrado, como não podia deixar de pegar os ovos, várias vezes entrei em combate com o “Tyson” e foi num desses embates que consegui dominá-lo e serrar o par de esporas que ostentava com orgulho, além de queimar a ponta do bico, pensando que dessa maneira diminuiria a sua voracidade em atacar as pessoas.

O bicho ficou mais brabo ainda, agora nem a vassoura conseguia afastá-lo, o besta aqui novamente foi até o vizinho, que aconselhou soltá-lo no terreiro no final da tarde para assim se familiarizar com o local e comigo, ele alegava que o galo estando preso, deixava-o estressado já que as galinhas ficavam em cima dele a todo o momento, e ele no terreiro poderia andar sem ser incomodado por elas.

E assim foi feito, por volta das quatro da tarde, fui ao portão do galinheiro e o abri a fim de ver se realmente minimizava a fúria do galo valente, sem comentários, tomou conta do terreiro e eu, o besta, fiquei preso dentro de casa até a hora de ele entrar para dormir. A raiva foi tanta que peguei um facão com a intenção de passar no pescoço do lazarento, só que o bicho era bonito e tinha custado uma nota, além de resolver o meu problema, o meu não, os das galinhas.

Mais uma vez fui até o vizinho, que a par da situação, achou melhor que levasse a uma rinha de briga, que assim o cansaço das brigas o deixaria mais calmo, é... nem vou comentar! Bateu e apanhou igual mala velha, o que o deixou com mais raiva de mim, tornando a missão de entrar no galinheiro impossível. Para voltar a agradá-lo adquiri mais três galinhas e as soltei lá dentro, como Tyson ainda se encontrava em recuperação, ou seja, não podia dar conta do recado, ele “pensou” que se tratava de uma provocação minha, deixando-o mais furioso.

Sem poder adentrar no galinheiro para colher os ovos, tentei a minha última cartada, isso depois de ouvir conselhos de outro vizinho que dizia ter ouvido falar da fama do Tyson, falando que a única solução era benzê-lo, pois o galo era filho do “coisa ruim”, o besta aqui novamente ouviu o tal conselho e fui atrás de um padre que pudesse benzer o maledeto do galo.

Depois de muitas explicações e promessas consegui que um padre viesse até em casa benzer o filho do “coisa ruim”, no início parecia que tudo estava indo bem, só parecia, nas últimas palavras Tyson partiu pra cima do padre que não teve tempo de defender-se. Nervoso, machucado e falando impropérios o padre ordenou que elimina-se o galo ou eu seria excomungado, era ele ou eu, sem pensar duas vezes, tomei coragem e parti para briga, no final do dia Tyson estava pronto para um bom ensopado, que foi muito apreciado na hora da janta... O bichinho danado de valente!

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 07/06/2010
Código do texto: T2305329
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