A espanhola Maria

Até a fase inicial dos sessenta anos minha mãe repetia inúmeras vezes a frase:

- Me sinto uma menina de 15 anos.

Filha de imigrantes espanhóis, começou a trabalhar muito cedo. Para pagar as terras adquiridas no Brasil, década de 40 e 50, toda a família tinha que trabalhar, inclusive as crianças.

Agora ela tem 76, não repete aquela frase, mas continua subindo em escadas, podando as inúmeras plantas do seu quintal. Vai as lojas, ao supermercado (um km pra ir e outro para voltar), sobe uma enorme ladeira para chegar na sua igreja, vai ao banco pagar e receber, conserta coisas, as vezes resolve pintar parte de algum muro, alguma parede, administra a casa sem ajuda de ninguém, etc.

Ela é uma mulher de fibra, sempre pronta para soluções. Teimosia tem de sobra. Não concordo com algumas atividades dela, mas ela diz que prefere morrer quando não puder fazer suas atividades.

A comparo com outra pessoa que tenho muito apreço, mas que não tinha esta mesma energia.

Tenho admiração pelas duas, mas as atitudes foram antagônicas. A minha mãe continua com o privilegio da liberdade, a outra infelizmente reside em uma casa de idosos.

Maria Moreno Polido,

- depois do casamento excluiu–se o Polido e foi acrescentado o Leite.

Marina Gentile

Marina Gentile
Enviado por Marina Gentile em 08/06/2010
Reeditado em 15/06/2010
Código do texto: T2306958
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