Vício Mecânico

Vamos lá! Tentar escrever

Ultimamente não. Parei.

Perdi aquela tristeza motivadora. Agora só tem tristeza mesmo.

Mas é uma tristeza pacifica.

Uma tristeza que encanta minha vida com uma normalidade pessimista.

Perdi minha inocência imatura.

Perdi tantas coisas boas que havia em mim.

Perdi minha delicadeza. Perdi meu carinho. Perdi minhas idéias vagas sobre o que seria bom viver.

Aquela doçura que eu idealizava chamada amor: perdi!

Perdi tudo que eu imaginava e que não era real. Fiquei mais real. E a realidade é fria, como eu.

Não só me tornei quem eu sou. Torno o outro o que eles não são.

Aquele ditado: “O que eu toco vira ouro”. No meu ditado é: “O que eu toco fica podre”

Eu trago amargura. Transformo pessoas felizes em infelizes.

É como por onde eu passasse as coisas decaíssem. Eu trago a decadência. E pior, é na decadência dos outros que me absorvo de energia que me contenta.

Eu não procuro a aceitação, quero a rejeição.

Não procuro a animação, quero o desanimo.

Trago o ar da tristeza para todos os cantos.

Eu poderia deixar para escrever depois. Mas a história que pulsa em mim sobre verdades sangrentas não me deixa calar.

Um impulso interno em conflito entre meus instintos e minha razão.

Sou capaz de recriar o momento? Meu destino é dado como uma onda? Sou movido ou movo?

O eterno retorno de Nietzsche martela em minha cabeça a todo momento.

Minha vontade é:

“acaba de cair um raio de sol sobre minha vida: olhei para trás, olhei para frente, nunca vi tantas e tão boas coisas de uma vez”(Nietzsche)

Meu horror é: “Dizes que alimentação, local, ar, sociedade te alteram e determinam? Ora, tuas opiniões fazem-no ainda mais, pois elas te determinam a essa alimentação, local, ar, sociedade”(Nietzsche)

Minha agressividade aumenta de acordo com minha vontade de viver. Os laços da moralidade suprimem qualquer lampejo de vida que possa brotar de mim.

Deus diz: A culpa e o ressentimento devem acompanhar o homem. Respeito recíproco pelo sofrimento.

A vida como Deus queria.

Não se trata mais da saudade, da solidão. O sofrimento da perda são lacunas substituíveis. Um novo amor cura a ferida do antigo.

Mas meu corpo fica frio, minhas emoções se desgastam. Logo, perco o impacto do sentimentalismo.

Relações mecânicas.

Destruição eminente. Meus dentes rangem e meus olhos me alertam.

Minha agressividade aumenta. A culpa e o ressentimento me acompanham.

Meu duelo com Deus. Minha vida passando enquanto discuto.

Não sei se estou certo ou errado. Se sou justo ou injusto. Faço minha vontade com mesquinharia, sim! Vaidade, sim! Mas com propósitos.

Só não perca minha cabeça.

Só não perco minha cabeça.

Só não cortem minha cabeça.

Moralidade ou justiça social?

Queria dizer que minhas ações podem escapar das minhas lembranças; que não haveria consciência dolorida.

Pergunto-me se estou certo ou errado. Percebo que o jogo das relações sociais não se materializa por fatos, mas por movimentos fora do campo de visão.

Meu momento é de incerteza. Dúvida sobre os passos dados. Dúvidas sobre o que está a minha frente.

Falo em culpa, mas desconfio.

Falo em ressentimento, mas desconfio.

Eu ou os outros?

Certo ou errado?

Plínio Platus
Enviado por Plínio Platus em 17/06/2010
Reeditado em 17/06/2010
Código do texto: T2324483