ARQUÉTIPO UNIVERSAL
 
Um “tiquinho” inconsciente de amor.
 
Hoje, eu pretendo escrever sobre um determinado assunto, mas confesso que não sei se será na feitura de uma crônica, um ensaio literário ou, na verdade, uma prosa poética. O fato é que quero falar sobre esse sentimento blandicioso da alma que, comumente, nós o chamamos de amor. Esse evento sutil e não-físico que até dizem reside na alma, mas como se trata de um arquétipo universal, e que, segundo os psicólogos terapeutas, ele está gravado de forma pétrea em nosso inconsciente. Aliás, deve-se dizer que ele magistralmente passa a existir no momento da nossa concepção.
Essa singularidade da alma ou do inconsciente tem características divinas, por isso, quando amamos nós nos sentimos deuses. E isso, de certa forma, além da racionalidade, esse caminho para o qual o ser humano foi evoluindo, o amor, esse sentimento inexplicavelmente blandicioso que também é parte desse caminho, ele também nos distingue notoriamente dos animais. Na verdade, para se falar de amor existem enes focos a serem perseguidos, mas aqui eu devo me deter e discorrer sobre o amor de um homem por uma mulher ou de uma mulher por um homem.
O ser humano é dotado de seis diferentes estilos de amar, defendem os psicólogos sociais em: Altruísta, romântico, lúdico, pragmático, possessivo e cooperativo, são as formas do amor definidas pelos especialistas. Aqui eu vou me definir e somente focar o amor romântico, é bom que se diga que nada tem haver com o sexo, pois as pessoas confundem o sexo com amor, quando, o sexo é apenas uma conseqüência. Dizem erroneamente, fazer amor, quando deveriam dizer fazer sexo, porque amor não se faz, se vive, e ele é imanente em nós desde o nascimento. Por exemplo: É muito difícil se encontrar um homem que tenha por hábito oferecer flores a sua amada, ou que, pela manhã, cumprimenta a sua esposa com um beijo e expressões carinhosas como: “minha querida”, “amor da minha vida” “eu te amo minha querida” ou da forma mais íntima e lúdica de: “meu pedacinho de pecado bom”. É eminentemente romântico, um casal já amadurecido, passear de mãos dadas e totalmente distraídos, quando não trocando beijos furtivos.
Se isso acontece, é bom que se diga que se está vivendo um amor puramente romântico. Entretanto, eu tenho notado que esse tipo de tratamento está completamente fora de uso. E que, as pessoas estão realmente vivendo uma forma de amor “altruísta”, ou apenas se suportando por que não souberam reciclar o verdadeiro sentimento do amor. Quando muito, cultivam um convívio rotineiro e, às vezes, até perdem o respeito pelo companheiro ou pela companheira. Fica claro que o amor “altruísta”, é um tipo de amor egoísta, um amor de submissão em que, as mulheres se sujeitam aos homens em busca de segurança, procriação, alimento e teto. Mas também já se observa a existência de homens vivendo essa forma de “amor altruísta”, tudo para garantir a proteção e as benesses da esposa rica.
Nota-se a olhos vistos que, as pessoas têm vergonha ou incapacidade de expressar amor pela sua companheira, daí, advém um relacionamento esquisito e machista. Para os conservadores, anacrônicos e sentimentalmente travados, demonstrar amor por alguém é coisa de fracos ou de frutinhas. É muito comum se encontrar casamentos ou pessoas casadas, mas apenas de fachada, somente para satisfazer os humores de uma sociedade sabidamente hipócrita. É verdade também que, já observei pessoas fazendo chacota de casais apaixonados, aqui eu acho que se trata de pessoas não realizadas no amor, frustradas com a própria vida conjugal, e que alimentam uma pontinha de inveja. É como diz a raposa: as uvas estão verdes. Isso, só porque não pode alcançá-la.
Eu não sou um Nelson Rodrigues que era um observador, jornalista, cronista, dramaturgo e sociólogo nato, mas as imorais ou as  falsas prostitutas ou respeitáveis senhoras, são todas totalmente dissimuladas e, diga-se a bem da verdade, que isso, é muito comum hoje em dia e elas estão abrigadas em “respeitáveis lares”. Eu como bom observador, às vezes, vejo casais simples, pobres até, mas visivelmente exuberantes e ricos em amor, comportando-se como verdadeiros pombinhos em arrulhos. Isso sim, nos dá um gostinho de inveja boa, ver e apreciar um amor romântico e verdadeiro. Como é bom ser amado e amar. Não existe forma de separar o verdadeiro amor do romantismo, pois o amor verdadeiro requer esses temperos que somente as almas amantes têm e deles se alimentam. Os apaixonados são naturalmente românticos, e isso faz uma grande diferença na contextura existencial do casal.
Eu estou vivendo numa sociedade pequena, aonde tudo é visto e comentado, pois ela, a sociedade, é muito limitada e completamente controlada pelas más línguas que por aqui abundam. Apesar de as religiões insistirem na introjeção da boa ética, infelizmente, não modificam para melhor o comportamento dessa gente, e assim permanecem obtusas e rarefeitas com relação ao sentimento amoroso.