Dois mundos
Na copa de 70 eu tinha apenas onze anos de idade, presenciei um momento bem critico de minha vida. Minha mãe de criação se encontrava em estado terminal em um hospital de São Paulo (Jabaquara).
Distraidamente uma enfermeira deixou parte daquele corpo frágil descoberto, vi precocemente o que significava uma ferida de câncer. Naquele período o Brasil disputava a copa do mundo, a sensação para mim é que todo o mundo estava feliz, menos eu.
O hospital ficava localizado em uma avenida com grande circulação, as buzinas dos carros eram insuportáveis. Sinceramente não sei como as pessoas enfermas agüentavam tanto barulho. Imaginem dor e buzina ao mesmo tempo. Nem no velório tivemos o silencio que necessitávamos.
Por mais que sejamos solidários, no momento que passamos por algo semelhante é que realmente sentimos na carne o que isto representa.
Concluindo, enquanto inúmeras pessoas se divertem nas diversas formas, inclusive ostentando o patriotismo (no futebol), outras pessoas passam por dificuldades.
Ontem por exemplo passei algumas horas em um hospital de Salvador, com um filho enfermo. Tive inspiração para escrever diversas situações, porque existem dois mundos. O mundo dos sadios e o mundo dos enfermos.
Fecharei mais uma crônica com a frase.
– A vida é assim !