Costumo, como Frei Beto, fazer meus passeios socráticos. Ando pelos shoppings, observo lojas e constato, muitas vezes, quantas coisas existem que não preciso para ser feliz.
Há uns 15 dias observava uma vitrine de uma loja de artigos para decoração. De repente me chamou a atenção o carinho com que um vendedor atendia a uma cliente.
Entrei na loja, disfarcei, admirei alguns objetos, mas com meu foco dirigido para aquele negro alto, forte e de sorriso encantador. Quando a cliente foi embora, dirigi-me a ele e falei: Se eu tivesse uma loja contrataria você para ser vendedor.
E daí começamos um papo – eu encantada com a sua simpatia e educação. Aquela educação de berço tão em falta nos dias atuais. Lamentei não ter em mãos minha máquina fotográfica para registrar aquele momento.
Outra vendedora, Jéssica, também muito delicada, prometeu-me fotografá-lo e enviar a foto dele por e-mail.
Essa semana me lembrei do episódio e lamentei não ter recebido a foto daquele “homem grande” com coração de menino.
Hoje fui lá especialmente para o fotografar e fazer essa postagem. Ele ficou surpreso pensando que eu havia esquecido do prometido. Não estava em um bom dia, havia se aborrecido anteriormente e me pediu mil perdões,  mas não estava com astral para ser fotografado. Nesse ínterim chegou a Sandra, a proprietária da loja, e se interou do acontecimento. Ao conversamos o convenci que só estragam o nosso dia quando nós nos permitimos.
Convivendo com tanta falta de educação é um prazer ser contemporânea de um ser como Moisés Nicolau de Souza.
 
   
* Talvez esse jeito do Moisés tenha despertado em mim uma saudade de meu pai que foi vendedor de uma loja de calçados durante 33 anos. Mais da metade da vida dele.