Enquanto a Internet Não Vem



Enquanto a Internet não vem, fico assim, sem ter nada o que fazer.

A alma reclama da negrura da tela do meu computador. Fico parada sem saber o que dizer e o que pensar;

É triste saber que um apagão, seja da net, da eletricidade, possa nos tirar esse imenso dengo;

Mas esse apagão acontece e com certa freqüência. E na escuridão nos damos conta de quanta falta ela faz. São amigos que se calam, são almas que emudecem, é a noite que fica mais escura... E a Internet que dorme.

Acontece que às vezes o aparelho comunicador- o computador- também tem seus achaques, tem momentos de rebeldia, tem os ataques de enxaqueca e nos deixa a ver navios sem oceano. A navegação pela net fica suspensa por falta de água, ops, de energia...

E o que fazer enquanto a Internet não vem? Durante o dia é fácil, você até consegue esquecer-se dela, mas à noite após o término das lides do dia, a tristeza de ver o computador sem luz, apagado desenergizado, dói.

Lembrança dos amigos virtuais tão queridos acode à alma. Parece que é o fim do mundo.

Eu ouço a voz do pensamento, escuto as teclas, e silêncio da casa parece maior, as estrelas translúcidas aparecem no céu querendo me confortar e a lua mostra sua face mais linda, mas a mais triste também.

Enquanto a Internet não vem, busco escapar de mim mesmo, e fico constrangida com isso; cerro as pálpebras para tentar dormir, mas o silêncio me incomoda e muito barulhento, grita muito.

De pálpebras cerradas vejo a sombra de um gato pulando o muro, luz de farol ilumina o quarto, a sala, a casa toda e penso, e tenho certeza que quero que a Internet venha logo, quero ver os jogos da África 2010, quero fazer minhas pesquisas, quero meus documentários, meus programas de dança, de religião – por que não? – comprar mais um livro pela net.

E um longo suspiro sai do meu peito. Estou ficando mesmo viciada por essa Internet. Eu, uma mulher inteligente – penso – com tédio, depressão por falta dela. Solto outro longo suspiro e penso em todas as mudanças que ela nos trouxe, as oportunidades que oferece. Inclusive as preocupações que são muitas.

Mas enquanto a Internet não vem, meus poemas, meus versos, meus sentidos, vão para o papel pautado, sempre ao lado do computador, em que essa mulher idosa registra seus medos, suas esperanças, seus amores, seu desejo de paz, de dias melhores, para depois registrar na tela branquinha e iluminada, que seguirá a corrente do futuro para mais aprendizado, aumentando a malha de comunicação em rede.

Este texto faz parte do Exercício Criativo - Não É o Que Parece
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MVA
Enviado por MVA em 25/06/2010
Reeditado em 28/06/2010
Código do texto: T2340393
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