A LONGA ESPERA
Meia noite.
O que fazer com o sorriso
que ensaiei até o último instante,
e que agora se mistura às lágrimas do esquecimento?
O vinil de Carlos Gardel na vitrola,
insiste em dizer-me:
- aguarda um pouco mais e ele virá,
um pouco mais, ele virá!
Parecia-me tão apaixonado, tão suave, leve e
com tão belas intenções.
A noite prometia ser tão nossa,
a lua à pino, tão pálida e
meu batom precisando de retoques.
As flores precisam de mais água,
pois já não sinto mais o seu perfume.
Ah, sei que virá!
e vou disfarçar o pranto,
vou abraçá-lo tanto,
que nem vou perceber novos fragrantes.
(à minha amiga Conceição)