A VIDA É UM EVENTO SUTIL DE SONHO E PRAZER
 
 
A vida, mesmo que efêmera, é um sonho consciente e que nos serve ou nos alavanca para o bem viver. Nós, os pobres mortais, é que não percebemos o que nos sucede nesses poucos anos de duração de uma vida. Mas, se houver a possibilidade de nos concentramos nela, verificaremos que não resta sombra de dúvida de que, a vida é uma sucessão de sonhos. Como já se disse acertadamente que os sonhos, esses elementos inconscientes, não-físicos ou sutis, é que nos dão a estrutura psíquica, para exercitarmos uma vida plena com um somatório de prazeres.
Já dizia o filósofo que: “Quem tem um sonho, é mais feliz do que aquele que possui todos os fatos”. Aqui é conveniente dizer que não é necessário ter dinheiro ou posses para ser plenamente feliz. O dinheiro ou a posse pode até ajudar, mas o ser humano necessita de outra moeda para ser feliz, estamos falando da completude existencial – o homem humilde e simples, esse sim, já é feliz, pois sabe ou soube administrar com eficiência a sua complexa economia psíquica.
É verdade que certas religiões não nos querem ver felizes, pois as suas doutrinas tendenciosas, inclusive na santidade da infância, elas estão sempre nos impondo com o expediente da introjeção homeopática, o inexplicável e o inadmissível sentimento de culpa. A conquista dos nossos sonhos é o mesmo que ganhar ou merecer o paraíso no “aqui e agora”, pois essa promessa de um suposto paraíso pós-morte, não nos traz felicidade, mas sim o medo e o trauma. E esse imerecido e incompreensível complexo de culpa, é que nos cria sérios desajustes psíquicos desnecessários.
As religiões nos querem ver culpados e submissos. E elas querem nos fazer entender e abominar o prazer. Prazer esse que é um sentimento ou um êxtase que nos foi outorgado pela própria natureza, para que pudéssemos suportar as vicissitudes e a própria fragilidade dessa matéria primitiva de que somos feitos. A natureza que é sábia, e com o trabalho silencioso da evolução que se processou cuidadosamente, também cuidou de nos blindar com o antídoto do prazer. Tudo aquilo que é natural e bom, nós devemos exercitá-lo em sua plenitude sem culpa. Talvez, as religiões, tenham interesses inconfessáveis nos ameaçando com a danação eterna. Prometendo-nos, é lógico, se ficarmos submissos a elas, com o fito de ganharmos as benesses celestiais que nem elas mesmas sabem da sua existência. Já dizia Voltaire que: “É difícil libertar os tolos das amarras que eles veneram”.
Imaginem, por exemplo, se a gloriosa Igreja Católica Apostólica Romana tivesse que justificar aos seus fiéis o imenso patrimônio de que dispõe em todos os cantos? E se tivesse que justificar a grande "churrascada humana" que promoveu ao longo de séculos, exterminando os que exigiam que os seres humanos voltassem a usar de seu atributo mais nobre que, fundamentalmente, os distinguem dos demais mamíferos: a razão?
Portanto, vivamos com os nossos sonhos e a nossa razão, e que deles possamos tirar o maior proveito em prazeres.