MEU BRASIL VERDE & AMARELO....no meu Barquinho Amarelo..

Olá amigos,

Mais uma vez ouso escrever um texto e dessa vez falando de um assunto que tecnicamente conheço pouco: FUTEBOL.

Mas ao ler tantas críticas em relação a escolha polêmica da nossa Seleção não me contive e resolvi escrevinhar essas linhas.

Lembrei que um dia eu também fui um Dunga na seleção da educação e o meu desejo é que ele consiga com a sua simplicidade e profissionalismo o que tive a oportunidade de ser na minha vida educacional.

Dunga entrou para a Seleção pela atitude demonstrada, indispensável em um líder, e também para sacudir um time que se mostrava apático e acomodado.

É um treinador que preferiu apostar no grupo que lhe deu sustentação nos bons e nos maus momentos. E deixou claro o motivo da escolha na apresentação de cada nome de sua lista, fato que merece aplausos pela coragem e determinação.

Um fato parecido aconteceu comigo há muitos anos passados quando trabalhava como professora numa conceituada escola do Rio de Janeiro.

No mês de outubro perdemos a nossa coordenadora pedagógica e tal fato foi motivo de preocupação para a instituição, mas no lugar de ter medo e desânimo a minha dedicação foi redobrada em sala de aula, pois a minha turma não podia sofrer nenhum prejuízo nessa etapa escolar.

Li e pesquisei sobre os diversos métodos de alfabetização e montei um grupo de estudo com as colegas de série. Não sabia se era bem recebido o que fazia, mas isso pouco importava no momento. A grande meta era atingir o resultado final com satisfação e ver meus alunos lendo.

No mês de Dezembro acontecia o chamado “dia D” quando no final da festa de encerramento uma relação de nomes era apresentada para comparecer ao gabinete para falar com o Diretor Geral.

Ao saber que meu nome estava na lista já fui preparada para os “tais cortes de final de ano”.

Recordo que ao entrar no Gabinete e avistar uma imensa mesa de jacarandá e ver a figura do Diretor Geral no final da sala, me senti menor que já sou de estatura.

Ele levantou, deu um sorriso, me cumprimentou e disse: Parabéns pelo trabalho, Eliane! Sua atitude foi valiosa para a nossa escola.

Soube pelos pais dos alunos e por sua coordenadora administrativa de sua postura profissional e quero te fazer uma proposta.

Se você fizer o vestibular nesse meio de ano, coloco-a como coordenadora da Alfabetização, pois estamos passando por uma crise e perdendo muitos alunos e te dou esse desafio. Você aceita? Se aceitar, pode montar seu plano de trabalho.

Quase não aceitei, pois as outras três colegas eram pedagogas e amigas.

Mas um sábio amigo me disse: Eliane, alguma professora mereceria mais esse cargo que você?

Bem, fiz o vestibular e passei em 5º lugar. Trabalhava de dia, de noite cursava a faculdade e de madrugada olhava minha filha de meses e fazia os trabalhos.

A minha primeira reunião foi num grande auditório e os pais agitados me desafiavam com perguntas complicadas e irônicas. Diante de um vasto auditório precisei de coragem e terminei a reunião dizendo: Sei da preocupação de todos e entendo, mas recebi esse desafio e pretendo me dedicar de todo coração para que os filhos de vocês saibam mais do que reconhecer letras ou formar palavras.

Os pais que conhecem a minha atuação em sala sabem que falo o que pratico. Conto com cada responsável como aliado e parceiro para vencermos essa luta.

Foi um ano de muita pesquisa e de conquistas. As professoras também foram desafiadas e um grande time de trabalho se fez presente. As professoras de alfabetização encantavam pela união do grupo e pelo time que lutava pelo mesmo ideal.

No final do 1º ano a escola foi tão elogiada que passou de 4 turmas de alfabetização para 7 turmas.

No final do 2º ano passou para 11 turmas com fila de espera para matriculas e precisou construir um prédio anexo para as turmas.

Mesmo depois de tantos anos, lembro com saudade dessa época e por onde estiver cada professora deverá também lembrar com saudade. Muitas já estão aposentadas e depois foram pedagogas em outras escolas do Rio de Janeiro. Algumas me ligavam dizendo que não esqueciam das minhas orientações e agradeciam pelo que puderam vivenciar com o nosso "O Barquinho Amarelo"

Assim começou a minha segunda etapa na educação como pedagoga e que ainda hoje atuo, mesmo aposentada.

O meu relato vem como esperança ao povo brasileiro, pois espero que a convocação da nossa Seleção sob o comando de Dunga marque uma nova era de mais motivação para novas conquistas.

E que as críticas possam dar garra ao seu time escolhido para que possamos conquistar a sonhada vitória.