O Catador de papéis e os demonios de sua mulher isaura

João Agostino, vivia num barraco, num bairro campestre de uma cidade do interior com sua mulher, quatro cachorros e algumas galinhas, toda, manhã saia com sua carroça em busca de papeis a fim de vendê-los e com isso sobreviver, Isaura sua companheira passava roupas a domicilio, João saia com seus quatro cães, pois sua casa ficava vazia, logo cedo circulava pela cidade e depois de vender o produto ia pro seu barraco para descansar. Numa tarde, João quando chegou em casa encontrou Isaura, com um prato de sopa e alguns pães que haviam sobrado do café da manhã:

- Isaura, to cansado dessa vida! Disse João tristemente.

- O que?

- cansado, sabe? Todo dia saindo, tendo cuidado com os cachorros, voltando pra casa com uns trocados e vendo você cansada, sem muita coisa para oferecer, enfim que vida é essa?

- Você ta enganado, enquanto não aparecer nada melhor, faça bem feito, goste daquilo que você estiver fazendo,você tem saúde que é o mais importante, pois a vida passa muito depressa, e se a gente não atinar para isso, o amanhã será triste, eu cheguei mais cedo e trouxe algumas sementes já as semeei e quando você tiver tempos faça uma cerquinha para proteger das galinhas, lá tem alface, agrião e cenouras...

- Não sei, Eu vejo que nessa cidade, não tem muita gente como eu; catando papeis, sabe? Eu quando vou ao deposito, a maioria tem suas caminhonetes, só eu chego com meus cachorros e a carroça puxada por mim, e assim...

- pode parar, você tem uma coisa que eles não tem; nós temosdinheiro, entende, se você comprar um caminhão, é mais despesa, se você levar mais papeis terá mais ganho, mas mais despesa, o que dá no mesmo e trabalhar de empregado, é ficar preso numa loja ou numa fabrica e tendo somente alguns momentos para você mesmo.

- Nas ruas sem subida até que da para ir sem cansaço, mas nas subidas pra puxar e nas descidas pra segurar, vou te contar...

- Entendo, vamos então tirar um pouco do dinheiro do banco e comprar um burro, o seu Manoel tem uma mula e um burro pra vender, depois a gente fala com ele, coma a sua sopa se não ela vai esfriar...

- Mas o burro vai precisar se alimentar, de vacinas, enfim será mais despesa?

- Eu sei, mas é bem menos que uma caminhonete, que alem das despesas de manutenção tem ainda a papelada para poder dirigir...

No dia seguinte, João foi até a chácara do Manoel Pereira e fez negocio com ele, trazendo o burro para seu quintal, atrapalhando as galinhas que ali estavam se alimentando.

Pela tarde saiu sem os cachorros e guiando sua carroça foi tocando nas ruas já conhecidas, quando chegou diante da loja onde sempre havia caixas de papelão, ele foi chamado pelo balconista e solicitado a levar uma maquina de costura até uma rua ali próxima, combinou o preço e pegando os papeis levou a maquina, quando chegou na residência, a senhora, o ajudou a descarregar, e recebendo uma gorjeta, voltou para devolver parte da nota fiscal na loja, quando estava entregando os papeis o gerente o chamou e lhe disse se ele não queria escrever o nome da loja na carroça e trabalhar pra eles nas entregas dos produtos mais pesados, foi lhe oferecido uma boa recompensa, e quando João chegou em casa, Isaura o estava esperando e o levou até o fundo da casa onde uma carroça grande com propaganda da loja e mais um burro, Isaura perguntou:

- João que significa isso?

João lhe disse que havia feito uma entrega para essa loja e não esperava que eles tivessem feito isso.

- bem você recebeu deles?

- Sim aqui esta o total,

- Nossa, quanto dinheiro, parabéns.

Na manhã seguinte logo cedo tava João na porta da loja quando uma tv que estava filmando uma novela de farwest o procurou e lhe disse se poderiam filmar sua carroça cobrindo a propaganda, ele disse que estava ali esperando uma carga e por isso não podia dizer sim naquele momento.

Logo em seguida abriram a loja e o gerente veio lhe dizer que aquele dia não tinha entrega, João então foi ate o local da filmagem e levando sua carroça encontrou o pessoal da tv que o levou até o diretor. O diretor olhou bem o rosto do João e lhe convidou para trabalhar na novela.

Meses depois, quando a novela foi ao ar, Gustavo Friech, na grande cidade pediu para sua secretaria descobrir o telefone de João pois havia reconhecido naquele semblante um amigo há muito sem dar noticias.

A secretaria lhe trouxe o telefone e quando o entregou a Gustavo esse pediu a ela ligar e transferir a ligação para ele.

- Ola João tudo bem?

- Sim, e você Gustavo como vai?

- Estou muito bem, quando a gente poderia se encontrar?

- Eu acabei uma gravação ontem e amanhã estarei livre, como é uma sexta feira, poderíamos nos encontrar sem problemas.

- Terei muito prazer, até amanhã então.

- Até amanhã.

Depois do almoço João visitou a firma de Gustavo, depois foram até sua residência num bairro chique da grande cidade,

Gustavo estava muito feliz por reencontrar João, seu melhor amigo na infância, e assim passaram o dia, Gustavo desligou o celular, levou João até sua casa na praia e depois de se despedirem, marcaram passar um fim de semana juntos com as famílias.

Isaura deu de comer aos cães e entrou na casa para conversar com João que estava com um script em suas mãos para decorar.

- Quando iremos ao mercado?

- Agora mesmo se você quiser.

- Agora não,daqui quarenta minutos ta bem?

- Tudo bem?

Quando ela vai para o quintal dois senhores com revistas e a Bíblia na mão a chamam.

Ela os acolhe e sentam-se na varanda diante do mar.

- A senhora poderia nos ouvir falar de Jesus?

- Tenho pouco tempo mas sem problemas...

- A senhora sabe que Jesus morreu para nos salvar e por isso nos devemos agradecer e dar a ele nossa dedicação.

- Sim.

- Qual é a sua religião?

- Eu leio muito as obras espíritas.

- Nossa, a senhora sabe que são obras do demônio.

- Olha os senhores sabem dessa historia dos demônios?

- Não,nos conte.

Um cozinheiro desempregado conversou com um amigo empregado numa paróquia do Rio de Janeiro sobre a sua situação, seu amigo lhe contou que uma paróquia da Bahia estava precisando de um cozinheiro.

Ele então emprestou um dinheiro para o amigo que foi para a Bahia. Chegando lá foi até a paróquia e conversando com um velho e simpático padre que o leva até a cozinha e lhe diz aqui será seu local de trabalho só lhe peço ter paciência com meus gatinhos que volta e meia vêem até aqui para comer alguma coisa alem da ração, o cozinheiro respondeu que não tinha problema algum.

No dia seguinte na hora do almoço ele estava limpando uma pescada e quando se virou para pegar uma faca, um gato subiu rápido na mesa e levou a pescada embora, ele ia atirar a faca no bichano, mas lembrou das palavras do padre e se controlou, foi na geladeira e pegou outro peixe para limpar dessa vez com mais atenção nos gatos que desfilavam miando pela cozinha.

Pensou em como se livrar daquela dor de cabeça e lembrou que quando criança sua mãe lhe batia pedindo perdão a Deus, assim cada vez que ele escuta alguém pedindo perdão a Deus em voz alta lhe dá um calafrio, pos em ação tal pensamento e se livrou dessa dor de cabeça

Cada vez que os gatos entravam na cozinha, ele dizia o nome de Jesus e batia neles com jornais que embrulhavam os peixes.

Assim foi feito e depois de alguns dias, ele recebeu a visita do velho padre que ficou contente com a limpeza e também com a sua dedicação aos gatos que estavam tranqüilos na parte de fora da cozinha, o padre ia abrir a porta quando o cozinheiro disse:

- Cuidado senhor pois o demônio tomou conta deles...

- Não acredito, como isso é possível?

Os gatos entraram e quando se aproximaram do peixe que estava sobre a mesa o cozinheiro gritou Jesus é nosso Salvador, os gatos saíram correndo pra fora...

- O padre ficou perplexo, e voltou para seus aposentos para orar pelos bichanos.

O Cozinheiro feliz voltou para completar a limpeza na pescada e sorrindo pensou.. Deu certo.

ANEZIO
Enviado por ANEZIO em 09/07/2010
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