A passarela da vida

Ontem, alguns professores disseram que aguardavam ansiosos o meu texto falando sobre o atual assunto: o goleiro Bruno.

Eles não imaginam a alegria que senti ao receber esse incentivo de um grupo que convivo diariamente, e ao mesmo tempo a responsabilidade em continuar escrevendo algo que acrescente ao leitor uma reflexão sobre os fatos ocorridos.

Infelizmente a mídia gosta do incrível e extraordinário, mas logo que o assunto sai do ar fica esquecido como tantos outros recentes e de crueldade impar.

Esse é o grande problema, pois nesse exato momento outros atos bárbaros estão acontecendo, mas como as pessoas não são públicas ou famosas, a resolução dos mesmos nem sempre ocorrem.

Vejo algumas vertentes nesse lamentável episódio e como um quebra-cabeça tem em cada peça um componente que facilitou o final desse cenário.

1- A infância dessa jovem num lar complicado.

2- A sua saída de casa e o rumo de vida.

2- A mãe não conseguir convencer a filha a andar no caminho que pregava.

3- O desejo e a forma de conseguir a fama e a segurança financeira.

4- A acolhida e ajuda de uma família de São Paulo não foi suficiente para que ela mudasse seus pensamentos.

5- O poder público nao atuar preventivamente, quando há pedido de ajuda.

E muitos outros tópicos poderiam ser numerados como peça desse final triste.

Como profissional que convive há muitos anos com adolescentes e jovens, digo que esse perfil tem estado presente nas escolas de nosso país. E em certos momentos nos sentimos impotentes e engessados pelo sistema sem poder ajudar e evitarmos comportamentos inadequados na prevenção de futuros “erros” desses jovens.

Infelizmente, a família vem com discurso de “proteção” e se não estivermos bem documentados e termos habilidade na abordagem, acabamos ganhando até processos. Hoje em dia tudo virou "constrangimento" e outros modismos acatados e divulgados por pessoas que desconhecem o verdadeiro sentido de EDUCAR.

A família não tem percebido a escola como nossos pais percebiam: instituição séria, a segunda casa de seus filhos e que precisa de certa autonomia na educação e formação.

Em diversos momentos essa jovem teve sinais de que estava correndo risco e sua postura foi de afrontamento, característica comum do jovem, e não teve sabedoria para resolver o caso em questão - a paternidade.

Achar culpados nesse momento, investir tempo e dinheiro? Não me atrai esse tipo de sensacionalismo, mas trabalhar as causas dessa situação e ajudar nossos jovens sonhadores e imprudentes.

Quem matou, jogou ou escondeu não é o que mais me agride, mas saber que ainda temos muitos Pilatos, citado na Bíblia, nessa Terra. Ele também autorizou fazer o que desejassem com Jesus e ainda lavou as mãos.

Lamento muito o rumo dessa história, mas o meu grito de alerta é para os pais que estão lendo ou lerão esse texto.

Existe um ditado que diz: “De pequenino que se torce o pepino”.