" Faxina, corpo e alma "

Evaldo da Veiga


Ela acordou animada. Foi bem boa à noite, assim com são as noites dos dois juntos. Pegou uma flanela especial, grandona, e começou pela janela de vidro. Mesmo antes de aberta, ela deixa ver que o dia lá fora é claro, e o sol assumindo sua posição liberal e confortante, oferecia um calorzinho de ternura. Um pequeno cão dentro de uma manilha, e certa preocupação rapidamente substituída no movimento do cão que se livra em pinote gracioso. Através da janela, além do belo e saltitante cão, uma árvore frondosa que já apresenta seus pequenos frutos em desenvolvimento, paredes sem embolso e complementados por coisas simples, formando um cenário de vida e amor.
Mão à obra: faxina na janela, no chão e o pior uma porção de papeis espalhados, revistas, tudo na plena desordem produzida pelo desorganizado namorado. Mas ele namora legal, se dá com ternura, sempre bem humorado... Ele representando o estado de conforto, ou melhor, preguiça e menor empenho no trabalho, diz pra ela:- “amor, deixa um pouco para o outro dia!” Qual nada! Ai é que ela se agarra com entusiasmo no amor à limpeza e ódio à sujeira que imperava. Vai fundo, bem fundo, muitas horas depois tudo limpinho e ela esperando o seu premio que veio a noite. Uma legalzinha que, alias não veio; ele dormiu sem saber que dormia. Mas chegou uma manhã linda de encontro e compensações... E ai, sim, eles conversaram, em corpo e alma.

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