A crônica do sequestro da cena roubada

Um dia Antônio, olhou uma menina que estava num ponto de onibus, por conta do vento que fazia, não dava pra ele reconhecer, mas ela era familiar, ela deixou o ponto do ônibus e se encamihou ao campo de santana, passou pelo parque, em meio as cotias, lançou migalhas de pão para os peixes, e tirou uma foto do pavão que quasenunca se abria, seguiu pela rua da constituição, foi até o fim da rua, chegando na praça Tiradentes, comprou um ingresso, e uma pipoca e entrou no teatro João Caetano, um mendigo pediu algumas moedas , ele sem contar deu-lhe algumas e comprou um ingresso, era uma peça romantica, demorou um pouco pra se acomodar, olhou em volta mas não conseguia ver nada, sentou –se e começou a assistir a peça que falava de amor, e era muito bem montada, e caía bem ao seu gosto romantico, ele fitava os seus olhos no palco, estava completamente enfeitiçado pela peça, acompanhava cada frase, sofria com o mocinho que chorava, interpretado pelo ator, e se sentiu satisfeito com o desfecho aplaudindo frenéticamente de pé.

Saiu do teatro, radiante, andando pelos lados do teatro na avenida Passos, em direção a avenida Presidente Vargas, no sentido da central do Brasil,quando passou perto do metrô, ele viu o rosto da menina que descia as esacadas rolantes do metrô, por um momento ele pensou ir atras dela, mas viu que era uma coisa sem sentido, ele nem a conhecia, nem sabia o seu nome, queria dizer a ela uma coisa que nem ele mesmo sabia , o que queria dizer, voltou o seu caminho para pegar seu ônibus, quando foi supreendido, por um assaltante, que muito ignorantemente pegou no seu braço e ordenou:

_ Quieto, eu não vou te machucar, a não ser que você não me obdeça, tira essa cara de assustado e dar um sorriso, qualquer gracinha sua eu te mato.Mas saiba que tem uma arma apontada para você, é só ficar na sua e agir com naturalidade, que nada vai te acontecer, entendeu.Sempre que puder troque algumas palavras comigo e me chame de Marcos, mas se você fizer alguma gracinha ou tentar correr, você está fudido!

Assustado Antônio nem conseguia absorver aquilo que havia escutado, seguiram ao metrô, passaram na roleta, e se sentaram num dos bancos, foi então que percebeu que se tratava de um sequestro, mas de que ele não sabia, o porquê dele ser sequestrado, se manteve ao lado daquela pessoa mas ao mesmo tempo inseguro e um pouco medonho,mas procurava agir com naturalidade o metrô indo sentido zona norte, num certo ponto, viu que uma caneta de alguém cair no chão, se levantou pra pegar e quando foi devolver, era justamente da menina que seguira, ele tomou um susto pelo repentino imã casual, que o pôs na frente dela de uma maneira perigosa, mas mesmo assim ele a entregou, ela agradecida falou obrigado, voltou ao seu assento, e escutou ela falar:

_ Era você que estava no teatro?

_ sim, eu assisti a peça sim. Respondeu meio timidamente e com uma dose de medo.

_ Você me chateou um pouco estava bem atras de você, e a cada ação você se movimentava,ainda mais com essa tamanha cabeça na minha frente.

_ Desculpa, mas foi bastante intenso aquele suspense que a atriz e revelar toda a verdade.

_ Mas eu já sabia aquele final, já tinha visto.

_ Mas é digna de ser vista várias vezes.

_ Eu revi por causa de outro motivo, e te digo, eu não tenho nada a minha família não tem muito dinheiro e não entendo o motivo de você ta me seguindo desdo o ponto de ônibus do campo de Santana, acredite isso tem cura isso tem salvação, deixa essa vida de sequestrador ou ladrão e procure alguma salvação.

Nesse momento as palavras ditas chamou a atenção dos passageiros,ou seja, pra todos os efeitos Antônio era um sequestrador, mas ao mesmo ele que de fato estava sendo sequestrado, as pessoas começaram a gritar, outras corriam ou se distanciavam dele, um pânico tomou conta do vagão daquele metrô, algumas senhoras oravam falando: não me mate, outras diziam ele tem uma arma, e algumas chamavam por Deus.O verdadeiro assalatante ficou surpreso, e um pouco com medo do seu refém, se distanciando dando dois passos para o lado.Nesse momento a menina pega a bíblia de uma senhora já um pouco idosa e começa ler uma passagem da bíblia, segundo ela pra tudo tinha salvação, mas ela lê uma passagem que não tinha nada a ver com o que estava ocorrendo, um senhor já idade desmaia sendo amparado pelas senhoras, e um outro passageiro revoltado, fala em voz alta: eu cansei disso todo dia é um assalto! Eu estou cheio dessa coisa, quando saí de casa me levaram a carteira, quando eu voltava do almoço roubaram o meu relógio, agora eu só tenho meu sapato, se caso você tiver algum interresse é seu, o meu sinto também pode ficar e se preferir meu dente de ouro pode levar é de brinde, e assim já que estou sem nada peço permissão para soltar do metrô na próxima estação, eu sou assim sou um cara prático.

Antônio ficava assustado por ele não ser o verdadeiro assaltante e nem tão pouco sequestrador, mas todos temiam a ele, quando ele tentava falar todos começavam a gritar, bastava ele se mover um pouco, e todos entravam em pânico.E como um movimento todos começavam a se destitiur de seus bens e dizendo: pode levar tudo de mim também, mas eu quero descer na próxima estação, alguns desprovidos de riqueza se despiam ficando somente com a cueca. Eis que aparece um homem magro e com o semblante fechado, fita a cara de Antônio e diz: _ você roubou o meu roubo,eu que ia assaltar esse vagão, minha arma ta um pouco enferrujada mas se você quiser parceiria, eu te cobro 30 por cento do que você tem,mas caso não queira deixa eu ir embora, porque afinal de contas somos colegas de profissão,e temos que ter respeito um pelo outro e não podemos de forma alguma negar a nossa classe.Um velho que quieto ficava, gritou bem alto: Eu também, mas eu mereço mais respeito ainda porque sou veterano, e me aposentei há alguns anos,vocês estão começando agora, eu já tenho anos e anos de prática.

As pessoas voltaram a se desesperar, não sabiam para qual canto correr, o vagão estava tomado de ladrões, e mais um que estava oculto, ao lado e mais medonho ainda ao lado de Antônio.

Um comunicado é feito pelo maquinista que eles ouviam pelos autos falantes do vagão: _ Por conta de um problema de manutenção dos trilhos está paralisada por tempo ilimitado a nossa viagem, por favor mantenham a calma e pedimos a colaboração e a paciência de vocês.

O vagão inteiro tornou a reclamar, a assaltante magro entrega a arma desistindo da profissão e falava que iria mudar de ramo,e comprar uma passagem pra Brasília.

O velho ladrão se rende abrindo sua bolsa e devolve tudo aquilo que tinha roubado sem ninguém perceber enquanto todos estavam em pânico, algumas pessoas até o aplaudiram pela classe e o seu amplo domínio no ofício de roubar.

O real assaltante de Antônio se encontrava no fim do vagão num sono profundo, sorrateiramente ele se dirige à cintura para pegar a arma e nada encontra, por um momento ele pensou que não havia arma alguma desde a abordagem, mas o velho ladrão enterrompeu o silêncio e o suspense dos passageiros:

_ Ta comigo,eu já tive uma dessas no passado, mais faz muito tempo,tive que vender pra quitar uma dívida no boteco, queria levar comigo pra guardar de recordação, pois modelos como esses são clássicos. – o velho devolve a arma e por todos é aplaudido com um intusiasmo ainda maior .

Antônio desmunicia a arma e dar-lhe de presente, ele por sua vez ao ver a arma em sua mão não se conter de tanta emoção e cai em lágrimas tocando profundamente a todos que ali estavam, o velho ainda falou algumas palavras em agradecimento, porém a mais bela dizia assim: _ Que você tenha saúde e força e muito sucesso nessa nossa profissão.

Então, ele percebe a sua menina que permanecia calada por todo o tempo com um calmante na mão e visivelmente desmaiada, ele manda todos se distanciarem e abana o corpo dela com o seu casaco, tenta uns tapinhas no rosto dela e ela acorda um pouco tonta e diz: _ Antônio nunca pensei que você se tornaria um varginal, você era um cara tão bacana, um amigo tão legal e atencioso.- e mostra a ele uma foto que eles tiraram juntos na faculdade, então ele se lembra o porquê e fisionomia dela era tão familiar. Ele conta toda a verdade e todos notaram que ele não era um ladrão e sim a pessoa sequestrada e uma moça ainda comenta: _ É a primeira vez em que eu vejo um sequestrador incompetente e um sequestrado ser um ladrão tão formidável, aos poucos o metrô começa a andar e todos os ladrões verdadeiros e fictícios são perdoados, enfim o metrô chega à estação e abre as portas e uma dupla entra no mesmo vagão e declara um assalto, na mesma hora Antônio e os outros ladrões sacam suas armas e a dupla sai correndo amedrontados.

Os passageiros se saúdam e desembaracam Antônio e a menina são os últimos a sair e de repente ela o algema dizendo:

_ você está preso por roubar, sou a policial Aline e mantenha –se calado

_ mas foi tudo um mal entendido, será que você não entendeu?

_ como eu disse você está preso por roubar , por me roubar o coração há sete anos na faculdade naquele sarau concorde comigo e isso é uma ordem, caso contrário eu te mato

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 16/07/2010
Código do texto: T2380380
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.