A ORIGEM DA INFELICIDADE SEXUAL

Quando eu era adolescente, quinze anos, tive a oportunidade de ter um romance com uma mulher de vinte e três.

Na época eu só tinha tido antes uma experiência com uma mocinha, empregada doméstica, que foi um terror, já que ela trabalhava na casa de um sargento do exercito e, militar naquela época, era bom não ter por perto, e ela ficava dizendo no ato: eu acho que ele tá para chegar e nesta paranóia não posso dizer que aquilo tenha sido minha primeira vez.

Esta mulher que eu conheci depois foi por acaso. Ela veio morar com mais duas próximo da minha casa, mas na principal rua do bairro que levava para outros bairros e para algumas cidades satélites, então era uma rua de bastante movimento.

E ali naquela quadra, onde ficávamos, era o fervo do bairro, pois além de uma concentração de comércios, bares, lanchonetes, tinha também uma escola de primeiro grau

E era em frente da esquina que todos nós nos encontrávamos que ficava a casa destas moças. Três mulheres solteiras morando na mesma casa, lá naqueles anos setenta era o centro de atenção em qualquer lugar da cidade e ali não era diferente.

A gente quase não as via, embora todos estivessem interessados, pois trabalhavam e vinham só a noite e nós quase nem chegávamos a vê-las, até que um dia, num domingo, eu fui lá para a esquina para ver se aparecia alguém para papear, como sempre fazíamos.

Fiquei lá um tempo e como não apareceu ninguém resolvi ir embora e para minha surpresa, quando já tinha atravessado a rua, uma das moças saiu na porta e disse que estavam comemorando um aniversário e perguntaram se eu não gostaria de participar.

Senti-me um ganhador da loteria e claro aceitei o convite. Era uma casa antiga, como muitas ali na região, e a sala era de dois ambientes. A que ficava de frente para a rua foi onde fiquei com duas delas conversando enquanto a aniversariante, que nem cheguei a conhecer, estava no outro ambiente conversando com um senhor de mais idade.

Ficamos ali conversando, tomando umas biritas e comendo uns salgadinhos. A conversa rolou legal. Elas eram de Santa Catarina e por motivos diversos tinham vindo par a Curitiba, cidade com mais oportunidades de trabalho.

Uma delas, por quem fiquei caído e que tinha pedido para a outra me convidar, tinha um cabelo bem curtinho, o que também era avançado para a época e era uma gatinha, além de ser a mais nova das três.

Terminou o aniversário e fui convidado, se quisesse, para passar lá na segunda ou qualquer outro dia para papearmos já que elas eram novas e não conheciam ainda ninguém na cidade.

Como era fácil para mim e era meu caminho de casa, na segunda acabei voltando lá e ficamos ouvindo músicas, tomando umas caipirinhas e batendo aqueles papos que eram tão bons naqueles anos.

A amiga dela tinha se interessado por um conhecido meu e pediu para eu convidá-lo na próxima vez que lá fosse.

O que ocorreu logo, mas neste dia vi que ia ficar sem a minha paquera e que o meu amigo era que ia se “dar bem”, pois apareceu um cara que devia ter um caso com a minha pretendente e depois de uma briga deles, no carro, ela entrou e se recolheu e quando voltei lá um outro dia ela já tinha voltado para Blumenau.

E ai lá fiquei eu fazendo vela para o meu amigo na outra vez que eu fui, mas o ambiente era bom e fiquei por lá e, por coincidência, a aniversariante do primeiro encontro, que era bem mais reservada, chegou mais cedo e lá do aposento dela ficou escutando a nossa conversa, e por algum motivo se interessou no que estávamos conversando e veio se juntar a nós.

Papo vai, papo vem, caipirinha para lá, caipirinha para cá, rolou uma dança e, “bingo”, a química deu certo e acabamos ficando juntos.

Fui indo nos outros dias e aquele cara que estava lá no aniversário ela disse que era só um amigo e como também não aparecia, esqueci dele.

Nos dias seguintes rolou um romance tórrido. Ela preparou os aposentos para a “noite especial” e começamos a ter um caso. Eu tinha ganhado a mulher mais espetacular da redondeza. Cabeça feita, madura, apesar dos seu vinte e três anos e “moderna” para a época.

Caminhávamos aos domingos de mão dada, à vezes fazíamos umas comidinhas e ficávamos por ali, íamos ao cinema de vez em quando, numa vida natural, tranqüila, onde nós nos bastávamos.

Este relacionamento durou um ano e meio, quando ela se mudou para outro lugar.

Esta foi a minha introdução sexual onde rolou também muito sentimento e harmonia.

O ponto que eu quero chegar com esta história é esta:

O sexo era uma coisa natural, de proximidade e não tinha que ficar “minhocando”, nem imaginando peripécias. Ele simplesmente acontecia e a vida, antes e depois, principalmente, rolava na maior harmonia, felicidade e alegria.

A coisa começou como uma brincadeira, mas depois pegou, mas não tinha como ter futuro.
Com o término deste relacionamento eu tive dificuldades de re-ambientação, pois tive que voltar a ser um garoto de um pouco mais de dezesseis anos, que já não se satisfazia tanto com as meninas da minha idade e nem era tão fácil arranjar outra mulher como aquela por aí, que quisesse namorar um garoto sem grana e sem ter onde cair morto, a não ser na casa dos pais.

Na continuidade daquele período eu acabei vivenciando como o sexo é visto de forma doentia pela maioria das pessoas e vivencio até hoje.

Eu acho até que a falta dele é que gera tanto assunto, pois as pessoas endeusam este instinto, como um verdadeiro bezerro de ouro nunca alcançado, pois este sexo nunca é satisfeito, e o fazem realmende dele o "bezerro de ouro" que só trás infelicidade.

Todos passaram , tanto homem como mulher, a ser algo a ser conquistado com a única finalidade de felicidade na cama, na sua maior parte, mas esta "felicidade" cansa logo.

Eu depois daquela experiência, infelizmente, também acabei nessa, e posso dizer hoje que ralei muito até voltar a vê-lo como o via naquela época, pois ele tinha virado também compulsivo e nunca satisfeito.

Consegui tirar de cima de mim esta carga, que é uma escravidâo e que a maioria dos homens carrega, como se fosse uma obrigação ter sempre de estarem ansiando por mulheres que não possuem, ao invés de valorizarem as que estão ao seu lado.

O homem ou mulher para viverem felizes com seus pares tem que parar que achar que sexo tem que ser uma coisa muito maior do que ele é, e que ele não passa de apenas um instinto natural que é para ser satisfeito de forma também natural com a pessoa que vive ao seu lado e que durante uma vida vai passar por estágios diferentes.

Os homens e as mulheres ficam fantasiando por algo que não existe.

No casamento o sexo é diferente dos tórridos das novelas ou daqueles que os homens  ficam endeusando quando se encontram para baterem papos. Quem quer sexo de aventura que nâo se case, pois num relacionamento normal ele vai entrar em "velocidade de cruzeiro", como o se alimentar, beber e você deve deixar o corpo, a química, que é diferente de casal para casal, ditar as regras.

Elas não podem ser estabelecidas para todos, como procuram ditar as “sexólogas” e as estatísticas por aí.

Normalmente as pessoas que se dão bem ou que se amam também se harmonizam neste quesito.

Ele não segue uma cartilha.

Fantasias mirabolantes só existem na cabeça de quem não é feliz nos seus relacionamentos ou no sexo de aventura e eles, por falta de experiências, antes de se casarem, ficam “minhocando”, como já disse, sobre algo que na realidade não conhecem e esta fantasia acaba levando para fins de relacionamentos.

Nâo se deve brincar em pensamentos, principalmente nesta área, pois ele se avoluma e acaba nos tomando escravos.

Depois do término daquele caso, quase que por uma obrigação do meio”, acabei caindo na onda do sexo pelo sexo até ele virar mais um vício que tive que ser purgado para eu conseguir a ter paz. Vivia na busca de voltar a encontrá-lo daquela forma como já tinha vivênciado, mas nunca mais o tive na mesma qualidade e naturalidade de então e apesar de miríades de companheiras, pois como não encontrava o que estava procurando, ia indo para frente, não ficava marcando passo.

Mas, felizmente, tinha tido um exemplo para parâmetro e só voltei a tê-lo depois que dominei o vício, depois que apaguei tudo o que tinha sido aderido de doentio em algo que é para ser natural.

Voltei a ser natural.

O que nos dá felicidade não é o ato em si, mas tudo o que envolve o dia a dia do casal em termos afetivos e emocionais.

Sou meio “tolerância zero” rss, nas rodas de amigos, pois conheci o que eles nâo conheceram, mas na esportiva, pois vejo que todos ficam idealizando algo ou falando bobagens que eu tanto vivenciei e que não me deu felicidade nenhuma até ter encontrado a normalidade novamente.

O que há hoje, ou é, de um lado, muita fantasia reprimida e idealizada mentalmente ou, de outro, um sexo doentio que também leva muitos, infalivelmente, à infelicidade e ao vício doentio.

Tanto a repressão antinatural quanto a libertinagem ou o falatório vulgar levam à uma vida menor e desqualificada.

Dever-se-ia ter mais respeito quando se fala sobre este assunto ou melhor, não falar-se tanto, pois o falar só mostra a insatisfação e as pessoas não notam mais quanto isto é desrespeitoso para com os seus cônjuges e para as suas próprias vidas.


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Em qualquer situação da sua vida procure se lembrar:
'Não é o lugar em que nos encontramos nem as exterioridades que tornam as pessoas felizes; a felicidade provém do íntimo, daquilo que o ser humano sente dentro de sí mesmo' Roselis von Sass - graal.org.br