O Cidadão

Uma vida como a de todo mundo. Família, as crianças na escola, trabalho tentando melhorar. Não é uma vida maravilhosa, mas digna.

De repente o pânico. Seu país, país em que nasceu. Em que nasceram seus pais, seus ancestrais. Sua terra. Invadido sob um pretexto qualquer. Por outra nação, rica, poderosa. Reforçada até os dentes com armas modernas, sofisticadas. Infinitamente melhores do que as suas. Aí sua vida muda. Sua casa é arrasada, não tem mais emprego, escola, economias, dignidade. Vive como um refugiado em seu próprio lar. O invasor manda e desmanda. Até a água depende dele.

Você perdeu o direito de ir e vir. Até de rir. Imagina que o invasor vá embora, mas não vai. Dez anos, vinte, trinta anos. Seu país cada vez mais arrasado. Ocupado. Seus filhos cada vez mais sem futuro. Não tem nem computador e nem internet para falar da sua dor. Para contar ao mundo o que acontece à sua família.

Um dia se enche. Fabrica bombas caseiras ( melhor do que uma faca ). Enrola seu corpo com elas e vai explodir em algum lugar, perto do invasor.

E você. Cidadão legal desse país. O dono dessas terras. O que foi agredido, invadido. Você que se tivesse poder econômico, aviões, helicópteros, mísseis, seria parte de um exército legal, como o do invasor.

Você, infeliz, passa a ser conhecido como rebelde. Como terrorista!!!!!!! Abominado por todo mundo.

E o invasor???

Esse é a vítima. o coitado. O pobre inocente. Tão inocente que não consegue sequer imaginar porque é por você odiado.

E viva a hipocrisia...