CRÔNICA DE UM SER  ABANDONADO

Meu nome é PUNK.  Não sei porque me  deram esse nome. Fui achado no canto de uma calçada, cheio de moscas posando em mim e algumas formigas já estavam me descobrindo. Um rapaz me viu e me levou para a clínica veterinária. Fui tosado, tomei um banho e tentaram cuidar de mim sem me machucar.
Alguém me atropelou e fugiu. Se fazem isso com os humanos, porque parariam para me socorrer? Afinal sou um poodle de pelo crespinho e daria despesa.
Assim é mais fácil fugir. A grande maioria quando atropela um animal ou até uma pessoa, foge. São desumanos e covardes. Uma familia tomou conta de mim, agora tenho um pai que me cuida e uma mãe. Minha mãe não pode comigo, ela não tem muita saúde, mas meu pai não relaxa com os cuidados comigo. Eles vão mandar fazer um carrinho para eu poder andar no quintal. Por causa desse atropelamento fiquei paralizado das minhas perninhas traseiras e me arrasto , me movendo apenas com as patinhas da frente. Minha medula foi atingida. Não sou infeliz. Aqui tenho muito carinho e muito cuidado.
Tenho irmãos sadios que gostam de mim, mas eu, um pouco sofrido por não poder correr para receber meus pais, às vezes ataco meu irmão tão bonzinho. Sei que  estou errado, mas não sou perfeito. No fundo do meu coração ficou uma mágoa muito grande, pois  eu era perfeito, mas fui abandonado. Ninguém é perfeito, nem os humanos são assim tão perfeitos. Todos têm seus defeitos, suas amarguras mesmo não tendo paralisia. Aliás, nunca vi tantos humanos enganadores, rancorosos, e maus. Deus foi bom comigo, me trouxe para um lar onde todos amam os animais e as plantas. Tento ser agradecido a eles, mas eu poderia estar bem se as pessoas dirigissem com mais calma, respeitando sinais e a velocidade estipulada. Não vou reclamar mais, vou agradecer a meus pais por serem tão bons para mim. Queria que todos fossem assim, bondosos e amantes de seres indefesos   como os cães e os gatinhos.
Nem tudo é tristeza, mas estou longe de uma grande felicidade. Tenho que ser sincero. Não sou humano para ficar fingindo o que não sinto. Sou um cachorro e cães são sinceros e verdadeiros.
naja
Enviado por naja em 22/07/2010
Reeditado em 22/12/2010
Código do texto: T2392539