DEVAGAR E SEMPRE

Um simples corte no dedo para mim hoje em dia, é um "Deus nos acuda". Quando trabalhava em outras atividades pesadas, por exemplo, - sem nenhuma blasfêmia ou heresia - se eu cortasse os dedos diria que Deus me acudiu daquele sofrimento físico para me garantir alguns dias de atividades em trabalhos menos penosos. Agora que vivo a digitar e ler, exercendo aquele trabalho que acredito, enobrece o homem de verdade, ou seja, por puro prazer, nem imagino a hipótese ficar capenga das mãos ou dos olhos.

Acho que descobri porque jogadores fazem seguros de suas pernas e modelos de suas partes mais chamativas. Só que não meu caso, de que adiantaria um seguro? indenização para desfrutar a desgraça? Não, obrigado! Tem uns seguros que são o consolo material para o infortúnio que dinheiro nenhum dá jeito.

Também não quer dizer que seja o fim do mundo. Comecei a escrever este texto enfurecido e maldizendo a dor e o acaso por causa de uns cortes que tive na mão que me deixaram meio bravo por não poder fazer o meu ofício mais caro, até que me deparei com o pensamento de que “o que não me destrói me fortalece”. Vai gostar de sofrer assim hein, Niesztche?

O potencial de superação que possuímos pode não ser infinito mas há muitos meios de se driblar deficiências, especialmente quando elas são o motivo de obstrução do que nos mantêm vivos, ativos e operantes. Para quem quer, aleijão não se torna obstáculo intransponível. Há muito tempo assisti a um filme muito bom chamado Meu Pé Esquerdo, onde tudo o que um homem fazia era com o pé esquerdo por causa de uma atrofia no restante dos seus órgãos. E o seu mais valioso fazer era escrever e pintar quadros. A história é baseada em uma biografia de um escritor e pintor irlandês. Filme emocionante e estimulante para qualquer um que tenha algum embaraço com seus órgãos.

Então fiquei relaxado, porém demorando mais a fazer o que faço normalmente com mais ligeireza e consolado da aflição besta. Cá estou, cheio dos curativos “catando” as teclas com os famosos dois dedos igual a quem não fez curso de datilografia ou digitação. Dentro da média histórica de 400 toques por minuto no teclado, não estou conseguindo nem a metade. Você que me lê, saiba que vou lá na sua página. Se demorar, não fique nervoso (a) comigo. Obrigado, muita paz e muito bem.

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 24/07/2010
Reeditado em 24/07/2010
Código do texto: T2396335
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