Que cara é essa, Brasil?!

Recuso-me a acreditar que a sociedade brasileira vai continuar assim: a modernidade fútil em ascensão, a cultura promissora em declínio. O termo cultura aqui citado é o mais amplo que se possa imaginar. Engloba todos os campos referentes à intelectualidade, mentalidade crítica, educação...

Sei que muitas pessoas conseguem ver cultura no simples ato de trocar Chico Buarque, Caetano Veloso, Milton Nascimento, por um grupo de coloridos. Trocar?! Talvez o meu pensamento quisesse que isso fosse verdade, mas o buraco é mais embaixo.

Grande parte das pessoas não tem o direito de trocar. Não investiguei o motivo pelo qual as pessoas "não trocam". Mas como sou movido pelas forças da razão, mesmo com grandes interferências do coração, prefiro optar pelo lado mais provável: a ausência total ou parcial de conhecimentos, educação e bons modos.

Se isso é herança, maldição, praga ou qualquer outro efeito de bruxaria, não sei. Oremos! O fato é que, meia volta, vemos um bebê, de aproximadamente 2 anos, dançando o "c... duro". E o pior: o devaneio é tão presente na nossa realidade que seria estranho ver aquele menino dançando, ao invés do "c... duro", "Cotidiano", de Chico Buarque. Acho que ele dançaria esta última com melhor desenvoltura, pois o ritmo é mais envolvente e compassado (conforme meus próprios julgamentos), enquanto aquela é muito mais rápida e difícil de se aprender a letra (se é que aquilo pode ser chamado de letra).

E digo mais, para um bebê de 2 (dois) anos, um em cada dez pediatras recomenda músicas mais leves, pois é mais seguro contra quedas e outras consequências físicas possíveis.

Mas espera! Será por que os outros 9 (nove) pediatras (de cada dez) não aparecem na "pesquisa" com as mesmas recomendações? Será que eles dançaram coisa pior na infância? Oremos.

Deixando o bebê que dança "c... duro" de lado, juntamente com os pediatras (que, na minha opinião, precisam de psiquiatras) e partindo para outra base, eu tive o desprazer de acompanhar nos últimos dias uma "briguinha" de gente grande com argumentos de gente pequena e sem noção. Falo da atual briga política, cheia de acusações, algumas imotivadas. Sinceramente, ver aqueles que deveriam ser nossos espelhos - para o bem - expondo as suas inescrupulosidades e influenciando, negativamente, a vida da sociedade, é muito mais que vergonhoso e sujo do que qualquer outro tipo de "dancinha" por menores de 7 (sete) anos.

Têm muitas pessoas que enaltecem a sujeira, mesmo gostando da ideia de que suas casas permaneçam sempre limpas. Será que elas realmente gostam de sujeira, ou são apenas vítimas do mesmo efeito aplicado ao bebê do "c... duro" e, muito possivelmente, aos 9 pediatras?

Acontece que a dimensão do "c.. duro" do bebê é muito diferente da infantil briga política. Aquela é suja, apenas. Esta, porém, é uma espécie de sujeira jogada no ventilador. E segundo as estatísticas, 9 (nove) em cada 10 (dez) pessoas não merecem ser lambuzadas por essa sujeira.

Fico muito magoado com tudo isso, dá uma vontade de não viver mais nessa sociedade... Mas, não sou eu quem determina a duração de minha humilde vida. E enquanto a morte não vem, eu vou ter que desempenhar alguma atividade menos medíocre do que essa que está ocorrendo no âmbito político: "- Alô DJ! Toca o 'c... duro' aí! Hoje eu não quero nem sonhar em ter problemas angustiantes!"

Oremos!