RESPEITE O ALCOOL - UMA LONGA HISTÓRIA- pode acontecer com qualquer um

Cadê o Alberto??? Onde está o Alberto?? Procura o Alberto. Era o que mais se ouvia na casa dos familiares do nosso amado amigo.

Na verdade tudo começou numa sexta feira, logo após a semana carnavalesca, parecia que Alberto havia esquecido que o “período de momo” já havia passado e ele resolveu, por sua própria conta, acrescentar mais uma “sexta-feira gorda, sábado do folião e domingo de carnaval” ao seu calendário.

Nessa bendita sexta feira Alberto havia assistido ao filme “2012 – O fim dos tempos “ e meio que impulsionado pelo “mensagem” do longa metragem, resolveu dar a sua parcela de contribuição para que o mundo acabasse. Alberto pensou consigo mesmo:

- O planeta será aniquilado, e eu que não sou bobo vou aproveitar esses dois anos e poucos meses que me restam de vida – eu vou botar é pra quebrar.

E realmente ele botou pra quebrar não só a si mesmo, como também a saúde mental e o bolso dos seus familiares e de quem estivesse por perto.

Pra começar Alberto teria, segundo ele, ingerido “acidentalmente” a medicação do seu enteado, um remédio chamado DINALLEX uma mistura de DIAZEPAN, GADERNAL E LEXOTAN, um poderosíssimo “tarja-preta” que derruba até Satélite.

Logo após haver tomado as duas primeiras pílulas, foram dezesseis no total, Alberto alucinado começou a pensar “alto” imaginou ser rico, entrou nos bares da vida e comprometendo o dinheiro destinado as despesas do mês e encheu a cara, pagava pra todo o mundo , batia no peito e aos berros gritava:

- Se eu fui pobre não me lembro - Hoje, cachorro apanha de bisteca- Podem tomar cerveja e pedir tira-gosto que hoje é por conta do papai aqui ó .... por conta do Doutor Alberto.

Enquanto Alberto “molhava as palavras” como se diz no linguajar dos biriteiros, sua mãe molhava os lenços, panos e toalhas com suas próprias lágrimas. A mulher chorava copiosamente preocupada com o paradeiro do filho, aquela genitora sofria mais do que joelho de freira em semana santa.

Cada vez que o telefone tocava, sua pressão arterial se elevara, achando que podia ser alguém telefonando para avisar a possível morte do filho...... era um martírio sem fim.

Seu João, pai de Alberto, coçava a cabeça e pensava consigo mesmo:

Será que eu enganei alguma “mulher da vida” , ou dei “pino” em algum garçon- o que foi que eu fiz meu Deus??? Devo estar pagando por algum pecado cometido

Alberto não era uma cruz, ele era o próprio Monte Calvário.

Seu João, estava agora com dois problemas o sumiço do filho e a saúde da sua esposa,a beira de um ataque de nervos.

No outro lado da cidade Dona Cândida, esposa do Alberto, já acostumada com o comportamento “exemplar” do ex-carteiro, no início pensou se tratar de mais uma das “presepadas” de seu maridão, mas ao perceber que Alberto não dava sinal de vida, começou a imaginar que o mesmo fora acometido de um acidente, um seqüestro ou que o pior houvesse ocorrido.

Sem perder tempo Cândida pegou o telefone e ligou para o seu cunhado Antônio, Irmão do Alberto e policial civil, este ao tomar conhecimento do fato, acionou quase todo o efetivo da corporação onde trabalhava , mobilizou ainda a PM, a ROCAM, a Polícia de Choque, o Corpo de Bombeiros, o Grupo Fera, a Polícia Federal, a SWHAT e dois vigias de uma empresa de Segurança Patrimonial que estavam “pastoreando” o conjunto onde ele mora.

Vamos encontrar o Alberto. Essa era a ordem.

Nessa altura do campeonato Alberto já tinha “torrado” o dinheiro do rancho, segundo relatos posteriores Alberto havia gasto 90% da grana com bebida e 10% com a gorjeta do garçon.

Mas não podemos deixar de levar em consideração um fato crucial. Alberto estava sob forte efeito do DINALLEX, não respondia por seus atos, estava praticamente sedado, fora de si. Tomara remédio destinado a pessoas com problemas mentais, droga pra doido. Alberto literalmente era um homem surtado. Mais surtado ainda ficariam seus familiares depois que descobrissem o valor do estrago financeiro que Alberto estava ainda por fazer.

Já era noite do dia seguinte. Alberto “inspiradíssimo ” nos “ Embalos de Sábado a Noite” estava prestes a ser embalado na rede alcoólica do porre que se seguia. Gritava no salão:

- Só não bebo acetona porque tira o esmalte dos dentes........

E virava mais um copo Levantava a garrafa com uma mão e com o dedo indicador da outra apontava para o rótulo da “maldita” e berrava:

- O álcool é o pior inimigo do homem......Mas a bíblia diz que devemos amar nossos inimigos........

E tome amor, e tome copo....Alguém no final das contas iria também tomar, só que com certeza iria tomar era naquele lugar.

A madrugada foi chegando, Alberto puxou o garçon pela camisa e perguntou:

- Tudo bem amigão?????? E ai.?...já descobriu quem é o pai do teu filho.?

O garçon que já tinha recebido uma boa gorjeta se limitou apenas a acenar e dar um leve sorriso:

-Daqui a pouco nós vamos farrear- Falou Alberto ao garçon.

- Tenho que ir pra casa – respondeu o garçon – Adoro a minha mulher, tenho até ciúme.

Alberto mesmo sem conhecer a mulher do rapaz foi logo emendando :

- Ter ciúme de mulher feia e mesmo que colocar alarme em fusca,..... meu irmão..........

A madrugada ia se despedindo , dando lugar a manhã de domingo.

A “operação de guerra” que fora montada para encontrar o Alberto não apresentava progresso algum. Parecia que o local onde Alberto estava, tinha sido a fonte inspiradora do Enredo da Escola de Samba Unidos da Tijuca: É SEGREDO EU NÃO CONTO PRA NINGUÉM.........

O homem tava igual menina de 16 anos virgem. Difícil de encontrar

Até que alguém, num lampejo de raciocínio, teve a brilhante idéia de esquecer o orgulho e ligar para o Genzis Khan.

Genzis Khan era cunhado de Alberto. Era a salvação da lavoura, o último dos apelos, pois o homem achava qualquer coisa: Achava dinheiro perdido, taberna que vende fiado, achava defeito em toda a obra que fiscaliza, era um verdadeiro GOOD ANGEL, um GPS humano.

Genzis khan foi acionado e começou a montar uma estratégia para procurar e encontrar o Alberto.

Enquanto isso no bar, uma “mulher da vida fácil” percebendo o estado de embriagues de Alberto, colocou sorrateiramente uma pílula de RUPHINOL no copo de cerveja do nosso amigo. No entanto, longe de obter o efeito desejado, o tiro saiu pela culatra. O RUPHINOL combinado com o DINALLEX, despertou o subconsciente de Alberto, o homem entrou num êxtase, num frenesi fenomenal. Estava elétrico, tava mais “ligado” do que rádio de vigia, parecia que alguém havia passado ICE GEL na sua virilha. Alberto começou a dançar e a cantar a música “ O REBOLEITION’ no salão do boteco.

Na casa da família de Alberto a coisa tava preta. Uma pessoa jurava de pés juntos que ao assistir o “Jornal Nacional “ na TV, vira a imagem do corpo de Alberto, debaixo de escombros na cidade de Porto Prince, no Haiti, outra amigo da família, funcionário do IML, disse que tinha um corpo mais ou menos com as características de Alberto, o detalhe é que a vítima havia sido DECAPTADA e CASTRADA, mas segundo Dona Cândida, que tinha ido até o local, afirmou era quase impossível reconhecer o corpo, uma vez que o “instrumento de trabalho” do infeliz tinha sido retirado,...... o pânico pairava no ar daquela residência.

Genzis Khan pegou um bloco de papel e fez uma relação dos prováveis locais onde Alberto NÃO poderia estar de forma alguma, ao lado do local escrevia os motivos, começou então a surgir a seguinte relação :

- CASA DA EX-MULHER – não – quem gosta de problemas é professor de matemática.

- DELEGACIAS – não – com o papo que Alberto tem é mais fácil ele prender alguém

- MORTO – não – Vaso ruim não quebra e ainda há muita coisa que Alberto tem que “pagar” ainda em vida.

Genzis ia escrever mais um local quando o seu telefone tocou. Era o Alberto, dizendo que estava vivo. O único telefone que Alberto possuía decorado na cabeça era o do Genzis Khan, afinal de contas, aquele cunhadão , era pra Alberto “ A versão humana do caixa 24 horas”.

Minutos depois Alberto chegou à casa dos pais. Estava mais “liso” do que prostituta em dia de sexta feira da paixão.

Alberto com a oratória de um parlamentar calejado, contou que havia ingerido acidentalmente o tal DINALLEX, e que era mais fácil descobrirem como foi a vida de Jesus dos doze aos trinta anos, do que ele conseguir lembrar onde estivera e o que fizera, nesse período de três dias em que ficou sumido. Ele mesmo achava que poderia ter sido abduzido por uma nave alienígena, que o teria seqüestrado com o propósito de ser exposto em outra civilização como um MOMETE - Modelo de Mal Exemplo Terrestre.

Alberto, que é capaz até de chorar até pelo um olho de vidro, sempre passando a mão na cabeça simulando uma labirintite , afirmava que a única coisa que sabe é que se acordou na Clinica Santo Alberto. Na recepção descobriu que fora conduzido ao local amparado por um desconhecido, que associou o nome de Alberto ao nome da Clínica, clinica essa que por coincidência era conveniada com a empresa dos Correios. Esse desconhecido provavelmente era um descendente direto do Bom Samaritano. Todo o bêbado tem sorte e Alberto não seria a exceção.

Os familiares e amigos se revezavam e emocionados, em meio às lágrimas, abraçaram Alberto.

Os credores, ao saberem que Alberto aparecera, “soltaram foguetes” num show pirotécnico só superado pela queima de fogos do reveillon na Ponta Negra.

Os taberneiros locais, deram as mãos fazendo uma corrente de oração e deram graças a Deus por Alberto estar vivo, pois enquanto há vida há esperança e havia esperança no coração daqueles homens de um dia, sabe lá quando, receberem alguma parcela dos seus débitos.

No final de tudo seu João, pai de Alberto foi até o filho, e sem ninguém perceber colocou na mão de Alberto uma nota de vinte reais. Alberto sem entender o ato do pai perguntou:

- Pra que esse grana papai?

Seu João falou baixinho, quase sussurrando no ouvido de Alberto:

- Compra tudo de DINALLEX, que semana que vem, quem vai sumir sou eu............

VITOR SERGIO
Enviado por VITOR SERGIO em 28/07/2010
Reeditado em 05/04/2011
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