MUDAM OS MOSQUITOS...

O preconceito não acaba. Ele muda de lugar, de forma, de manifestação. Isso é o que podemos constatar ao longo da história. Desenvolve-se uma convivência pacífica com ele (às vezes na marra), em nome de um aparente bem comum e seguimos vivendo como uma civilização em constante evolução.

Tudo aquilo que não se modifica no interior da cultura de um povo, não vai ser por lei que se modificará. Será amenizado, escamoteado, punido, mas não acabará. Assim eu vejo o interior das pessoas também. Se não modificarem-se interiormente, não vai ser pela pressão social nem pelas aparências que elas vão se transformar. Fica sempre um potencial explosivo de aleivosias e hipocrisias outras. Embora a lei seja necessária para, pelo menos em intenção, igualar direitos e obrigações.

Estou vendo os rumores acerca da recente aprovação da união legal de homossexuais na Argentina, porém do ponto de vista dos filhos que são adotados por esses casais. Já há manifestações em escolas de isolamento de crianças que são filhos adotivos de casais de gays, não só lá, também aqui e alhures.

Lembro-me que havia um tempo em que mulheres que se separavam, por desquite ou divórcio, seus filhos sofriam juntamente com a mãe toda sorte de rejeição. Podiam ser as melhores pessoas do mundo, desde que não rompessem o vínculo familiar aceito pelo consenso da sociedade. Passavam a representar alguma espécie de perigo invisível. A mulher, no caso, mãe, representava ameaça às famílias por se tornar uma potencial usurpadora de lares, assim, do nada. Os filhos transformavam-se num tipo de aleijão, uns renegados pelos colegas, estes talvez sob a influência dos mesmos pais que discriminavam mães.

Posso citar uma dezenas de casos onde a lei não alterou comportamentos. Refreou impulsos, provocou rebeldias e o desrespeito continuou sendo a demonstração de que o interior das pessoas não mudou, a sociedade não avançou evolutivamente. Apenas há salvaguardas para recompor as grandes perdas morais. Há indenizações, multas e até prisões mais sérias quando o infrator é pobre ou não possui alguma forma de poder.

Veja o tanto de legislações de trânsito que já tivemos nos últimos 50 anos. Radar não resolveu, redutores de velocidade não resolveu, bafômetro não resolveu, mudança do enquadramento penal de quem mata não resolveu... Veja o caso do preconceito racial. O sistema de cotas é uma polêmica que parece não ter fim. Estas resistências todas não será por causa de uma necessidade de mudança cultural anterior? E então a lei viria para ser apenas uma espécie de aviso a quem chegasse posteriormente no grupo social?

Dá vontade de dar umas palmadas em alguns legisladores. Eu disse palmadas? Ih, parei!

josé cláudio Cacá
Enviado por josé cláudio Cacá em 29/07/2010
Código do texto: T2405701
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