AINDA BEM QUE O DUMBO NÃO É REAL!

Eu nunca fui dado aos estudos. Sempre tirei notas boas nas provas, consegui aprovação em dois cursos superiores, nos quais estudo simultaneamente, um público federal e um particular, com as classificações décimo terceiro e sétimo lugar, respectivamente. Sempre disse que o importante não é a colocação e sim a admissão. Confesso que não tenho sido aluno exemplar. Nunca fui, tenho certa admiração pelas pessoas que passam horas e horas debruçadas sobre livros estudando, estudando, estudando, seja lá pro que for: prova de escola ou faculdade, concurso, vestibular...

Ao ver de meu pai, que Deus o tem, sempre fui bom aluno. Conseguia ludibriá-lo, porém nunca o levei para a escola por qualquer motivo que fosse. Mesmo quando levei aquela suspensão de 15 dias, daquela professorinha de História (hoje, minha professora de graduação) que disse aos berros, após estar irritada com os outros alunos, que faziam trabalhos em grupos:

- Qual é o tema de vocês? Cadê o livro? TÁ AQUI. SERÁ QUE TENHO QUE DAR TUDO NÃO MÃO?!?

- Não, nem te pedimos nada (já havíamos combinado quem faria o quê, o trabalho já estava esquematizado entre a gente) – disse com certo tom de deboche. – Você pediu alguma coisa? Você... você...

- Não, não pedimos nada – afirmaram os demais componentes do grupo.

- DESCE. AGORA! – esbravejou ela. – TODOS PARA A COORDENAÇÃO!

Ele (meu pai) sempre teve sonhos para comigo, e meus sete irmãos e irmãs. Ocupar uma cadeira na academia era um sonho meu. Certo dia, passei enfrente a UFES¹ e disse:

- Um dia terei meu nome registrado ai.

Pode ser “cagada”. Pode ser predestinação. É benção de Deus.

- Como?!? Ah, é “cagada”.

Poderia até ser, se o Dumbo fosse real e, a essa altura, adulto, porque foi uma imensa "cagada".

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¹ Universidade Federal do Espírito Santo;

² Universidade Federal de Santa Catarina.