QUANDO NOS TORNAMOS ADULTOS

Há pessoas que, para não sofrer, não querem se prender a ninguém. Dispensam um grande amor com medo de perder e sofrer. Por incrivel que pareça, conheci pessoas assim. Vivem com amizades e lutam para não sentir mais que isso, se verificam que podem se apaixonar por alguem do grupo, desaparecem.
Quando mocinha, tínhamos um grupo gostoso de moças e rapazes que saíamos sempre juntos, no cinema, na praia, piquenique, aonde um fosse, todos eram chamados. Íamos a bailes e dançávamos por toda a noite. Era um grupo sadio, sem manias, vicios ou mal educados.
Eu fazia mil estratégias para meu pai me deixar sair. Geralmente usava minha tia.
Crescemos, fomos para a faculdade, casamos, cada um foi viver sua vida e por necessidade de trabalho, nos perdemos de vista e o grupo acabou se dispersando. Hoje não sei de ninguém.
Na época, alguns começaram a se preocupar com dinheiro, possuir carros
do ano, importados, de luxo. Foram morar em bairros ricos, sendo esse um dos motivos de nossa separação. Quando as pessoas crescem, geralmente se modificam. Nosso grupo era todo de Vila Isabel.
Eu continuei com minha vida comum, arranjei excelentes empregos, e no último , antes de ser professora, fiquei lá por 12 anos.
Uma coisa que vou deixar  quando partir, é a minha capacidade de amar. Amei muito, intensamente e fui muito amada. Sem medo de algum dia sofrer. Acho que a pessoa que teme o amor, fica um ser vazio, sem graça, sem objetivo na vida a não ser ganhar dinheiro. Isso não faz ninguém feliz, mas o amor nos eleva ao paraíso, ao mundo de sonhos, e sorrimos por qualquer coisa, porque somos felizes. Se não dá certo, temos em nosso coração além da saudade, lembranças maravilhosas de tempos felizes.
Sempre vale a pena todo tipo de amor, por pessoas, por animais, assim receberemos pela vida afora, amor por aqueles que nos entendem. 
Nunca tive ganância, nem pretendi dar demonstração de riqueza pra ninguém.
Comprei sempre fuscas até que deixaram de fabricar. Que pena!!!! E ainda hoje tenho o meu muito lindo demais.
O que gostaria que ficasse claro é que ao partir dessa vida, o que vou deixar de mim? Às vezes penso nisso.
Acredito que deixo pouca riqueza, mas deixo exemplos de honestidade, de amizade sincera, de ajuda a quem precisa, deixo um grande amor por animais, deixo minha lealdade, minha dignidade, entre outros..
Quem não se importar com essas qualidades que acho imprescindível numa pessoa, poderá herdar algumas poucas jóias, quase nada, uma casa e meu fusquinha maravilhoso.
naja
Enviado por naja em 03/08/2010
Reeditado em 03/01/2011
Código do texto: T2416560