A DÚVIDA

A cada instante da vida da gente paira uma dúvida. Eu visto essa ou aquela roupa? Eu compro um sapato preto ou marrom? Viajo de carro ou de ônibus? É assim, todo mundo tem dúvidas e eu também. Por exemplo, o que eu sempre escrevo é crônica ou conto? Sempre que me vem na cabeça essa interrogação eu digo comigo mesmo, o texto é meu e chamo como quiser.

Mas, lá dentro, lá dentro ficava uma formiguinha me atentando e por isso resolvi olhar no dicionário. Para crônica encontrei o seguinte resultado: “Pequeno conto de enredo intedeterminado”. Partindo dessa premissa conto é crônica pequena? Ainda no dicionário, o Aurélio, encontrei a seguinte explicação: crônica é narração histórica ou registros comuns feitos em ordens cronológicas. Conto narração pouco extensa e concisa. Não satisfez. Conceito muito vago. Mas continuei escrevendo. Se crônica ou conto, não sabia.

Até que certo dia, em um desses por acaso da vida, não é que encontrei um texto de Marcos Srecker, Folha de São Paulo, publicado em 15 de agosto de 2009, intitulado “Moacyr Scliar reúne críticas fictícias em coletâneas”. E nesta matéria o grande escritor gaúcho revela que crônicas ou contos foi dúvida que lhe perseguiu por algum tempo. Até que decidiu eliminar qualquer incerteza e definiu com clareza o gênero que pratica a dezesseis anos (declaração de 2009) no caderno cotidiano da folha de São Paulo: trata-se de crônicas ficcionais.

Pronto! Agora sim. Meu estilo de escrita está definindo também. Escrevo crônicas. Se alguém polemizar eu explico: Crônicas ficcionais. O meu respaldo é o grande escritor gaúcho de 73 anos, completados em março deste ano de 2010, médico sanitarista, escritor com mais de 70 obras publicados, entre crônicas, contos, ensaios e romances. E tem mais, a biografia deste renomado cidadão ou ouvi de sua própria boca, quando veio até a minha cidade de Parnaíba – Piauí, para a abertura do I Salão de Livros de Parnaíba - SALIPA, em agosto de 2009, momento em que dialogamos e até trocamos e-mails depois de seu retorno a Porto Alegre(RS). Transcrevo dois desses e-mails recebidos, que serviu de incentivo para que eu continuasse jogando palavras no papel.

--- Em sex, 14/8/09, Moacyr Scliar escreveu:

De: Moacyr Scliar

Assunto: mensagem Moacyr Scliar

Para: mdilmabrito@yahoo.com.br

Data: Sexta-feira, 14 de Agosto de 2009, 19:13

Prezada Dilma, muito obrigado pelo belo "Vou te contar", textos criativos, bem-humorados e profundamente humanos! Abrs. Moacyr

Quarta-feira, 26 de Agosto de 2009 11:22:58

RE: dilma crônica

De: Moacyr Scliar

Adicionar a contatos

Para: Maria Dilma Ponte de Brito Brito <mdilmabrito@yahoo.com.br>

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Prezada profa Maria Dilma, muito obrigado pela crônica, que aborda com sensibilidade e sabedoria um tema difícil e que, através da morte do Getúlio, marcou o nosso país.Texto excelente! Abrs. do Moacyr

Neste mês de agosto o II Salão do Livro de Parnaíba – SALIPA acontecerá entre o dia 19 a 21 de agosto. Ainda não foi divulgado o nome do palestrante da abertura. Esperamos aprender com ele assim como aprendemos com o cronista, romancista, ocupante da cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras, Moacyr Scliar.

Ao finalizar esta crônica, deixo explicito minha eterna alegria de ter tido a oportunidade de conversar olho no olho, apertar a mão e dialogar com o grande homem da literatura brasileira, o escritor Moacyr Scliar.

Maria Dilma Ponte de Brito
Enviado por Maria Dilma Ponte de Brito em 05/08/2010
Reeditado em 24/04/2020
Código do texto: T2419817
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