NOSSA FORTALEZA

NOSSA FORTALEZA

A prefeita atual para simbolizar sua gestão a frente da administração da cidade, aderiu ao slogan de: ”Fortaleza Bela”. Conhecida como a terra alencarina, Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção a capital de todos os cearenses. Afirmam os estudiosos que em 1900, o escritor Paulino Nogueira escreveu uma crônica sobre Fortaleza. Referido cronista com sua experiência, talvez não tenha encontrado dificuldades para tal, visto que a Fortaleza daquele tempo era mais pacata e aconchegante. Esse momento era propício, pois a cidade se preparava com todos os brios para ultrapassar o século XIX e entrar com altivez ao século XX, preparada para muitas mudanças e intensas transformações. A cidade passou de provinciana transformando-se em verdadeira metrópole. Quem teve a primazia de conhecer Fortaleza trinta anos atrás, hoje se assusta com o seu desenvolvimento. Muitas vezes o progresso demanda desordem.

Como em todas as cidades, aqui ocorreu o mesmo, pois todo progresso causa certo distúrbio em muitos setores cruciais de importância vital para o desenvolvimento tão almejado. Pequena, atrasada, recatada como um frade trapista (Pertencente ou referente à ordem monástica da trapa, religioso ou religiosa dessa ordem), Trapa- Derivada da língua germânica - “trappa, pelo b. – trappa”. Cova, ou alçapão, apropriado para capturar feras. Na marinha corresponde ao Cabo cujo seio passa por fora dum objeto que esteja sendo posto a bordo, a fim de guiá-lo. Cabo ou corrente que se passa num objeto pendente a fim de impedir que balance ou despenque, na química está para um aparelho de laboratório, dispositivo que serve para retirar de uma corrente de fluido um os vários componentes, retendo-os para posterior recolhimento. Trapa derivação do francês La Trappe- Ordem religiosa nascida de uma reforma cisterciense empreendida na França no século XVII.

Cisterciense deriva do latim medieval cisterciense é aquilo que pertence ou relaciona-se ao mosteiro de Cister (França), fundado por Santo Alberico (1109) e santo Estêvão Harding (1050-1134), que segue a regra de S. Bento. Monge do mosteiro Cister, Monge da Ordem Cisterciense, pertencente ou relativo à Ordem Cisterciense, organizada por S.Bernardo (1090-1153). O cronista continua nas suas explanações afirmando que a nova Fortaleza era qual uma “fênix renascida”, cheia de mocidade e encantos. O Passeio Público lugar aprazível, uma praça onde a elite de Fortaleza desfilava todas as tardes e nas noites de lua clara. De uma majestosidade fora do comum, fazia companhia a templos majestosos, edifícios elegantes, muitas ruas alinhadas, calçamento de paralelepípedo, iluminação a gás, linhas de bonde, hotéis, quiosques, clubes, prado e corridas de bicicletas. Não existia violência nessa época áurea da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. Segundo estudiosos o período mais influente para o crescimento de Fortaleza se prenunciava nos anos 80 e 90 do século passado.

Apesar da tranquilidade reinante, Fortaleza não ficou livre das doenças epidêmicas. Na década de 60 a cólera pintou e bordou a varíola na década de 1970 também. As duas endemias ceifaram muitas vidas na terra de José de Alencar. Os mortos eram transportados amarrados nos pés e nas mãos a uma vara pelas ruas Formosa, Boa Vista e das Flores, entre outras. Essas ruas nós desconhecemos como existentes nos dias atuais. O luto natural só foi extirpado a partir de 1880, renascendo das cinzas e pelas maravilhas maquinicas apontadas por Paulino Nogueira. Muitas saudades da nossa Fortaleza antiga, calma e acolhedora. O visitante que chega a Fortaleza dificilmente imagina que, em seus primórdios, ela parecia ter poucas chances de evoluir. Sem nem mesmo percebemos, suas ruas foram crescendo, dando espaço a um lugar cheio de histórias para contar.

Enquanto Capitania, o Ceará não recebia atenção alguma. Sua ocupação de fato foi iniciada por Martim Soares Moreno, o capitão português que serviu de inspiração para um dos personagens centrais do romance "Iracema", de José de Alencar. O local escolhido para a fundação da cidade foi onde, em 1603, Simão Nunes, a mando de Pero Coelho construiu o Forte de São Tiago, na Barra do Ceará, local onde está edificado o Clube Antônio Bezerra... Existiu, ainda, uma polêmica de muitos anos de que Matias Beck foi o verdadeiro fundador de Fortaleza. Foi ele quem a fundou no local onde hoje está erguido o prédio da 10ª Região Militar.

No século XVII, duas expedições holandesas estiveram no Ceará, sendo que a Segunda fundou o forte Shoonenborch, marco inicial de Fortaleza. No século seguinte, o povoado foi elevado à condição de vila. Essas nuanças aqui citadas fazem parte da nossa capital em época diferenciada, mas não tira o brilho que iluminava a Fortaleza do século passado.

Quando, no século XVIII, seu porto começa a exportar algodão para a Inglaterra, Fortaleza passou a ter expressão econômica e, daí em diante, seu desenvolvimento entrou em ritmo acelerado. A despeito do flagelo das secas, o século XX transcorre Fortaleza permeado de grandes conquistas socioeconômicas.

Afinal, não há desafio que resista à força de seu povo. Uma das capitanias hereditárias criadas na época da colonização portuguesa, a Capitania do Ceará praticamente foi relegada por seu donatário, Antônio Cardoso de Barros. Apenas índios habitavam o sítio aonde viria a surgir Fortaleza. Somente em 1603, o açoriano Pero Coelho de Souza, acompanhado de Martim Soares Moreno, veio ao Ceará numa fracassada bandeira, onde ali Martim fez amizade com os índios locais, aprendendo os dialetos e familiarizando-se com costumes nativos.

Pero construiu o forte de São Tiago, na barra do rio Ceará, ao lado do qual surgiu o povoado de Nova Lisboa. Martim Soares Moreno encontra-se como tenente do forte dos Reis Magos, no Rio Grande, em 1609, fazendo incursões pelo litoral cearense, combatendo traficantes.

Em fins de 1611, acompanhado de um padre e de seis soldados, o capitão português Martim Soares Moreno regressou ao Ceará para efetivar a posse da capitania, fundando na Barra do Ceará, com ajuda dos índios de Jacaúna, um pequeno forte - o de São Sebastião - no mesmo local, mais precisamente junto à ermida de Nossa Senhora do Amparo. Segundo o site “Estação Turismo’ - A Capitania do Ceará esteve subordinada ao Estado do Maranhão e Grão-Pará, e depois a Pernambuco, além de ter sido alvo da cobiça colonialista européia”. Em 1637 chegou ao Ceará à primeira expedição holandesa, que ocupou o semi-abandonado forte de São Sebastião, onde permaneceu por sete anos explorando sal e âmbar gris, até que seus integrantes foram dizimados pelos índios. 0utra expedição holandesa, comandada por Matias Beck, desembarcou em 1649 no Mucuripe e construir então o forte Shoonenborch, na embocadura do rio Pajeú, para defender-se dos nativos aliados dos portugueses, ali permanecendo também por sete anos.

Assim que os invasores foram expulsos, o forte foi apropriado pelos portugueses e redenominado de Forte de Nossa senhora da Assunção. Entre 1660 e 1698 houve o surgimento de um acanhado povoado, no qual foi erigida uma capela dedicada a Nossa Senhora da Assunção, além de uma praça de armas. A Carta Régia que autorizou a criação da Vila do Ceará ou de são José do Ribamar em 1699 originou muitas contendas em torno de uma questão fundamental: onde instalar o Pelourinho, coluna de pedra ou madeira simbolizando a autonomia municipal. Os desentendimentos entre as autoridades levaram à decisão de elevar Aquiraz à condição de vila e sede da Capitania em 1713.

Assim, somente graças aos ataques indígenas desferidos em Aquiraz é que Fortaleza, em 13 de abril de 1726, finalmente foi denominada de Vila de Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção. A "Planta da Villa", elaborada por Antônio da Silva Paulet em 1818, mostra prédios dispersos nas margens do Pajeú e na "Prainha" (hoje Avenida Pessoa Anta) e caminhos que chegavam do interior. Coube a Silva Paulet a proposta de um novo arruamento para a vila, o projeto e a construção da nova Fortaleza da Assunção. Aquirás foi a primeira capital do estado do ceará localiza-se na Região Metropolitana. Como vemos a história da capital de todos os cearenses é muito rica e nos causa saudades.

Na virada do século Fortaleza já detinha a sétima maior população urbana do país, passando a tomar medidas de higienização social e de saneamento ambiental, além de executar um plano de aformoseamento urbano abrangendo a implantação de jardins, cafés, coretos e monumentos, e a construção de edifícios segundo padrões europeus. Os primeiros automóveis circularam na cidade em 1910, seguidos da implementação de bondes elétricos e, posteriormente, registra-se o aparecimento de ônibus e caminhões. A Praça do Ferreira era ponto de estacionamento de bondes e de carros de aluguel, concentrando intenso movimento. Entre as décadas de 20 e 30, bairros como Jacarecanga, Praia de Iracema e Aldeota passam a ser habitados pelas elites que começam a valorizar a proximidade com o mar.

Com um crescimento acelerado, Fortaleza, por volta de 1910, exportava pelo porto do Mucuripe matérias-primas de origem vegetal e animal, cera de carnaúba, óleo de oiticica, mamona, babaçu e algodão, peles de animais silvestres e domésticos. Na via oposta, eram importados itens industrializados, máquinas, automóveis, tecidos de lã e linho, ferro, aço, medicamentos, carvão, chumbo e cimento. Também data desse período a construção dos primeiros prédios com mais de quatro andares. Os ônibus elétricos também tiveram importância para o crescimento de Fortaleza, mas sua passagem foi meteora. Entre 1950 e 1960, a taxa de crescimento foi de quase 100%, revertendo no aparecimento de núcleos absolutamente desprovidos de infraestrutura básica e espalhados pela periferia. Em vista dessas necessidades emergentes, foram criadas novas divisões administrativas na Prefeitura e numerosas comissões específicas. Migrações internas contínuas entre os anos 60 e 70 geraram o surgimento de favelas e a ocupação de terrenos por pessoas sem-teto.

Os conflitos decorrentes fizeram com que o Governo Federal chegasse a intervir no problema e desde então as políticas sociais se constituem em uma das prioridades das sucessivas administrações municipais e estaduais. Fortaleza então quis “se tornar uma Paris como afirmou João Brígido à época”. A presença francesa estava por todos os lados e em quase tudo em Fortaleza. Muitas pessoas têm em seus sobrenomes derivação de famílias francesas. Ficamos por cá, pois teríamos que escrever um livro para contar toda a história da nossa Fortaleza. A grande seca que se estendeu de 1979 a 1984 foi outro fator agravante dos problemas urbanos. Datam desse período os primeiros movimentos organizados de bairros e uma intensificação das ações públicas para reduzir esse quadro. Nos ano 90, Fortaleza se apresenta como uma das capitais brasileiras mais bem equacionadas tornou-se destino altamente requisitado por turistas do Brasil e do exterior. Sua área urbana de 336 quilômetros quadrados abrange 148 bairros e nove regiões administrativas.

A industrialização vem se processando em larga escala, o comércio registra intensa movimentação e todas as atividades envolvendo a prestação de serviços conhecem tempos prósperos. Iluminada pelo sol que garante uma temperatura média anual de 27 graus, refrescada pelo sopro do vento Aracati, adornada por praias de águas verdes e tépidas, Fortaleza comprova diariamente que ali, entre suas ruas, vale a pena viver. Tanta história de rara beleza esmaece diante de tanta violência, tráfico de drogas, prostituição infantil, tráfico de drogas, assaltos a bancos, sequestros relâmpagos e turismo sexual. Firmas francesas e inglesas também formaram o écran da cidade: “os Boris Frères e os Gradvohl, se destacam ainda nos dias atuais”. A família Gradvohl é possuidora de um dos maiores estaleiro do Brasil. De lá saem os mais luxuosos iates para famílias abonados de todos os rincões. Pense Nisso!

ANTONIO PAIVA RODRIGUES-MEMBRO DA ACI- DA ALOMERCE- DA UBT- DA AVESP- DA AOUVIR/CE

Paivinhajornalista
Enviado por Paivinhajornalista em 05/08/2010
Código do texto: T2421025
Classificação de conteúdo: seguro