DE REPENTE 40 ...

Sabe aquela sensação daquela garotinha do filme “De repente 30” que entra no armário e deseja ter 30 anos? E ao sair do armário ela se dá conta que seu desejo de realizou.

È mais ou menos assim que estou me sentindo hoje.

Parece que era ontem que estava na rua onde nasci, brincando, correndo.

Época que o tempo parecia não passar.

Tempos descompromissados.

Nessa retrospectiva desses 40 anos, ficaram as saudades dos bons momentos vividos, das lições aprendidas, saudades das pessoas que passaram em minha vida, dos lugares onde morei ou passei, dos amigos que fiz.

Saudade da omelete com camarão que a dona “Dilina”, minha avó, fazia.

Saudades de esperar meu pai chegar do trabalho trazendo um “zorro”, de contar para ele sobre o meu dia.

Saudades das brigas da minha mãe e até das surras de cinto que ela me dava, naquele tempo não tinha a “Lei da Palmada” e nem por isso fiquei traumatizado.

Saudade de vender na mercearia da minha mãe.

Saudades de esperar a chuva cair em Fortaleza e sair à rua para jogar bola.

Saudades das peladas diárias de final de tarde.

Saudades das brincadeiras na rua à noite, sem medo de violência, de bandidos.

Saudades de morar em uma casa de muro baixo, sem grades nas portas ou nas janelas.

Saudades de passar a tarde jogando futebol de botão ou vídeo-game Atari com meus primos, meus colegas.

Saudades das brincadeiras de luta que tínhamos e nem por isso viramos pessoas violentas.

Saudades de ficar gravando musicas no som 3 x 1 NATIONAL que tinha em casa.

Saudades das velhas fitas BASF ou TDK de 60 minutos, que as vezes tinha que remendar com Durex.

Saudades da velha radiola e dos seus LP, dos compactos com duas músicas.

Saudades da calça Ustop.

Saudades da minha velha máquina de escrever Olivetti Letera 82, onde fazia meus trabalhos, sem ajuda do Google, só pesquisando nas enciclopédias compradas por minha mãe na porta de casa.

Saudades da velha televisão preta e branca, que eu mudava no botão naqueles 4 canais para assistir os desenhos de Hannah Barbera, os filmes da sessão da tarde.

Saudades de esperar os almoços de domingo com toda família na casa da minha avó, para poder brincar com os primos.

Saudades de entrar nos quintais alheios à noite para pegar coco, mesmo sob a ameaça de uma espingarda de chumbinho.

Saudade de comer goiaba, caju, manga em cima da arvore.

Saudades de andar descalço.

Saudades dos amigos de colégio, que o tempo me afastou de alguns e que a internet me fez reencontrar outros.

Saudades da minha bicicleta vermelha Monark.

Saudades dos namoros na esquina.

Saudades das festas de domingo à tarde, de sábado à noite.

Saudades das brigas quase diárias com um camarada, que virou um grande amigo depois que crescemos.

Saudade das estripulias, de ser expulso de quase todas as aulas no 2º e 3º ano do Júlia Jorge, mas sem nunca ter sido reprovado.

Saudades de pegar o ônibus Estação - Antônio Bezerra para ir ao colégio, na esperança que aquela menina que eu paquerava também pegasse o ônibus das 6:20 h.

Saudades das corridas imaginárias pela manhã ao caminho do colégio, onde eu era sempre o Ayrton Senna.

Saudades das salas de aulas da faculdade de Garanhuns e de Fortaleza.

Saudades de lugares onde morei ou daqueles que só estive um instante, mas que jamais esquecerei.

Saudades de pessoas que me acompanharam por toda uma vida ou que apenas cruzaram em meu caminho apenas por um momento.

De repente 40...fechei os olhos e aqui estou.

Não posso dizer que a vida começa aos 40, pois foram tiradas de mim pessoas que eu amava, mas nesse ciclo misterioso e fascinante que chamamos de VIDA, Deus coloca em nosso caminho pessoas maravilhosas que aprendemos a RESPEITAR, ADMIRAR, A AMAR.

De repente 40... Apesar de tão de repente, agradeço a Deus não ter ficado em um armário esperando os 40 chegar.

Arrependimentos? Do que não fiz.

Tristezas? Das pessoas que se foram.

Alegrias? Por ter chegado aos 40.

Felicidade? Pelas pessoas que conheci, pelos lugares onde passei, pelos momentos que vivi.

Agradecimentos? A Deus, aos meus pais, a quem faz o meu coração bater mais forte.

De repente 40, mas que não seja de repente 80.

FMBARBOSA
Enviado por FMBARBOSA em 06/08/2010
Código do texto: T2421755
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.