Período inútil da vida.

Tudo começou a mudar na minha vida a partir do dia trinta de março de mil e novecentos e noventa e oito, foi quando me chamaram para servir o Exercito.

Um chamado que só depois eu preferi que nunca tivesse acontecido.

Se eu tivesse alguma informação a respeito daquele inferno com certeza nunca teria optado por aquilo que hoje julgo uma instituição inútil. Posso até ser criticado, mas não vejo problemas em falar o que sinto. A constituição nos dar esse direito de expressão. Todos nós sabemos que na história deste País ouve uma época em que os Militares comandavam e guiavam os rumos da nossa nação. Tomaram a direção contraria da nossa história, foi um período de repressão, mortes, prisões políticas, torturas e etc...

Eu saio da Cidade Grande como São Paulo, onde tem inúmeras oportunidades para me juntar ao maior órgão de defesa do país, fui pensando em ser nada mais que mais um patriota, era muito romântico, pois pensava que assim poderia ser motivo de orgulho tanto para minha família como para toda a nação Brasileira, que ironia, aquilo tudo não passa de um bando de hipócritas.

Vivi um verdadeiro inferno, por que lá quem manda é o General, abaixo do Presidente, na teoria é tudo muito bonito, mas na verdade depois as ordens não são cumpridas, nunca já mais vi uma coisa tão absurda.

Hás humilhações são tão grandes e sempre há um jeito de reverter aquilo em mero treinamento, testes de resistência.

No primeiro dia que eu estava na unidade de treinamento em Mato Grosso me senti um cordeirinho perdido do meu rebanho, isso foi por volta das dezesseis horas quando o Capitão deu a ordem.

- Vão ao deposito carregue as lonas para o carro, pois esta noite eu quero ver essas mocinhas desistindo, os sonhos de alguns estará acabado hoje.

Acostumado com outro estilo de vida eu nunca imaginei escutar alguém falar assim, tentando acabar com os sonhos de um ser humano. Isso era o cumulo para os meus ouvidos. Só as lonas, ele mandou pegar que na verdade nunca foram usadas. Um Helicóptero parado, dois sargentos posicionados um do lado e outro do outro, os aspirantes foram

entrando, eu pesei que fosse pelo menos uns três Helicópteros para aquele tanto de gente, mas quando percebi estávamos em vinte e duas pessoas aglomeradas uma em cima da outra, e não podia reclamar de nada, não estarei relatando com detalhes, pois tem coisas baixas que o meu intelecto não aceita. Mas posso afirmar que os meus olhos, esses que a terra um dia irá de comer, viram coisas que a sociedade já mais imaginou existir. Uma tremenda baixaria que eu não esqueço, um colega e parceiro de quarto fez: Foi se render sexualmente para subir de posição. Ele é um cara alto forte, bem apanhado e se deu bem por que se sujeitou a uma incógnita para muitos.

Foi uma noite de cão, que já mais vou me esquecer, assim foram noites e dias inúteis da minha vida e olha com certeza quem não gosta de desafios na mata atlântica, quem não gosta de hipocrisia nunca vai se adaptar com um lugar nojento como aquele.

Passei um ano e seis meses naquele inferno e tenho muita fé em Deus, que nunca, já mais eu precise voltar, nem mesmo para visitar.

Antes da faze do exercito eu era entregador de jornal, todas as madrugadas eu estava com Fabinho meu parceiro e patrão. Depois quando eu voltei não queria outro caminho se não o jornal, através dos contatos do mesmo parceiro eu consegui entrar num jornal de grande circulação em São Paulo, retomei aos estudos e gostaria de verdade apagar para sempre esse período da minha vida.

Hoje sou jornalista e escrito um trabalho que faço com muito amor e carinho. Sou João Paulo da Cunha Fonseca muito prazer.

Marcos Ribeiro de Macedo
Enviado por Marcos Ribeiro de Macedo em 09/08/2010
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