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Letras, letrinhas...



              “Fiel espelho de nossa vida, a nossa letra. Nossa letra só assenta quando nossa vida assenta. Vida no ar, letra no ar. Letra que balbucia, tateando procurando sua forma, vida de criança, vida de ser que se forma. Letra liquida, informe, que vacila, varia e muda:vida de rolha à tona de vagalhões. Letra com solidez de moirões de cerca: vida cristalizada dos homens de vontade férrea.
                                 GRAFOLOGIA - Monteiro Lobato in Mundo da Lua.


             Certamente que uma caligrafia desenhada, quase um artesanato no papel, é algo bonito de se ver. Muitas mulheres em épocas passadas (em alguns lugares até hoje) viviam/vivem de escrever convites de casamento, formatura, “riscar” em tecido para bordado, pintura...E se além das prendas do lar acumulassem o talento da Caligrafia, certamente que não lhe faltariam pretendente.
            Pesquisando por aí, descobri que Grafologia é a análise da personalidade de uma pessoa através do estudo dos traços de sua escrita. Antes disso, relendo Mundo da Lua e Miscelânea de Monteiro Lobato, achado precioso em um sebo, me deparei com sua opinião sobre a letra, que postei acima, como epígrafe.
          Mas "Seu" Lobato, se o senhor tivesse visto a minha letra, certamente diria : “- Que loucura”!Quem alfabetizou essa criatura?”mas, se avexe não que já me acostumei com a gozação de colegas quando tentam ler o que escrevo nos meus inúmeros caderninhos e agendas...perguntam qual é o meu CRM...
          Brincadeiras a parte, atualmente o teclado me salva e a minha letra horrorosa já me salvou muitas vezes de fazer cartazes e preencher ficha de dados. Só preencho os meus, em letra de forma e sempre rascunho nos meus bloquinhos as "incompreensões" que serão, depois de digitados, meus textos.
              Provocada por “Seu” Lobato fui por aí fazer um teste grafológico. Diverti-me bastante fazendo alguns mas só pude copiar parte de um e segundo eles sou do tipo COLÉRICO, cujo valor dominante é a ação, o dinamismo (Oba! comecei bem!)
            Dizem que “colérico” não tem de fato muito a ver com cólera, fúria, mas com ardor, emotividade (hum!) e que “Também é muito comum vê-los na liderança das ações. São homens ou mulheres, que se revelam nas situações graves e são necessárias grandes infelicidades para derrubá-los. Ainda carregam o segredo das recuperações espetaculares.O repouso e todas as formas de inatividades lhes incomodam; ao invés de cruzarem os braços, preferem inventar um trabalho. (Disso eu gostei!) Também isso não deixa de ter seus inconvenientes: a precipitação, o espírito de aventura, a temeridade, a dispersão, a permanente hipertensão, o enfarte os espreitam.(Isso eu detestei!). São inflexíveis com os fracos ou com os hesitantes. Necessitam de companheiros ardentes e infatigáveis como eles. Gostam de rodear-se de muita gente, o que confere variedade e fugacidade aos intercâmbios pessoais por que nutrem verdadeira paixão.O papel de líder, de político ou de apresentador lhes convém maravilhosamente. Na polaridade desarmônica podem apresentar estados maníaco-depressivos.(...)”
              Enfim, sou normal, humana demais. Só que minha letra é feia...Sem crise nem maldade, mas fiquei imaginando os destinatários das minhas cartas, no tempo que levavam para decifrar o que escrevia...sempre tinha muitas ocupações e escrevia sempre ás pressas, em blocos pautados, papéis de cartas que ganhava das alunas...ainda bem que não escrevia cartas longas...
            De verdade, não ligava para os comentários jocosos, mas não pude deixar de rir quando meu companheiro, á época meu namorado, me escreveu: “Meu Amor, consegui concluir hoje a leitura da sua carta da semana passada...francamente, ou te pago um curso de caligrafia, ou caso com você...”
             É...reconheço que  se fosse só pelo capricho da letra ainda hoje estaria solteira.