VIDAS QUE NÃO SE COMPREENDEM
FILHO: ‘Mãe, queria ter nascido com o cabelo ‘bom’.’
‘Não vou almoçar porque estou com a barriga cheia’.
‘A senhora acha que minha orelha é grande’
‘Mãe, me deixa ficar em casa hoje?’
‘Eu quero comer muito pra engordar. ’
MÃE: ‘Deixa de besteira, ‘ minino’! Seu cabelo é bom, ‘bunito’...
‘Você veio puxando a seu avô, que era rarará.
‘Você não está com fome? Mas pela manhã você apenas ‘biliscou’!
‘Não, meu fio, você não tem orelha de abano, você puxou a orelha do seu avô Bastião!
‘Minino de Deus, você não tá mastigando? Tá engolindo como se a comida fosse fugir do prato! Coma mais divagar, fio!’
FILHO: ‘Mãe, a senhora não entende ‘de nada’.
Mãe: ‘ É fio, sua mãe não ‘intendi’ mesmo.Estou apenas começando a viver como você...’
A mãe não consegue perceber as necessidades do filho. O filho não consegue entender as limitações da mãe. Não consegue entender que ela é apenas uma mulher sofrida, que tem sob os ombros a responsabilidade de assumir sozinha a manutenção da família.
Num futuro bem próximo, optarão pelo silêncio. Não sabendo que essa decisão lhes custará caro. O preço? A barreira que crescerá entre os dois, que os separará por toda a vida... Essa barreira, invisível, porém presente lhes causará feridas difíceis de ser tratadas, e que talvez, nunca venham ser saradas.
A mãe acima retratada representa uma mãe sem estudo, envolvida pela labuta e que não consegue entender a linguagem do filho, e, os sinais por ele emitidos não são interpretados com a clareza que exige o momento. Mas essa mãe poderia também ser outra: Inteligente, intelectual, viajada, culta..., e mesmo assim, não conseguir manter um canal de comunicação aberto com o filho. Que esse canal precisa ser mantido aberto é visível, mas não basta apenas isso. É preciso que o diálogo ocorra e os sinais emitidos sejam claros e facilmente traduzidos.