Está difícil entender

Certa noite me bateu a solidão, então pensei, por que não entrar num site de relacionamentos? Não custa nada faço meu

cadastro, preencho meu perfil e quem sabe aparece alguém para conversar, trocar ideias e de repente até me convidar

para tomar um café, alguma coisa para esquentar a goela. Enfim dei prosseguimento ao meu plano, porém mal sabia a

encrenca que estava prestes a enfrentar.

Plano elaborado e pronto para ser executado.

Nossa, quanta gente!

Uni Duni Tê, acho que vai ser você.

-Olá!

-Oi!

-Tudo bem?

-Fala de onde?

-Tem MSN?

Contei um pouco da minha história que na verdade ele não estava nem aí, mas a parte em que relatei não namorar há muitos

anos o interessou.

A conversa estava fluindo bem até perguntar o seguinte:

-Você tem cam?

-Sim.

-Quero te ver.

Não dá para relatar aqui o que ele queria ver, é impróprio para menores e um tanto constrangedor para uma mulher

tentando se conectar a essa modernidade e que ficou paralisada diante da proposta.

Congelei, retruquei, questionei.

Lógico, ele não queria conversar e muito menos convidar para tomar um café, ou alguma coisa para molhar a goela, líquido

sem ser viscoso, queria mesmo era fazer sexo diante da Cam.

Se eu me senti constrangida e também antiquada? Sim.

Mas eu disse Não.

Sou mãe, mulher e tenho meu valor, sou capaz de fazer amor, sexo, ou seja o que for, entre quatro paredes e com tudo que tenho direito.

Eu só queria conversar com alguém, no entanto trocam meia dúzia de palavras e pedem para ligar a Cam.

É, acho que vou desistir, sou muito antiquada para essa modernidade, sou do tempo em que fazer sexo, amor, ou seja o que for, se faz a sete chaves e não diante de uma máquina prestes a ir para o mundo.

Está difícil entender.

Eu só queria tomar um café e ele só queria... Rimem com entender.

Valéria Cavalcante
Enviado por Valéria Cavalcante em 23/08/2010
Reeditado em 17/03/2018
Código do texto: T2453897
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