Pátria, este ente que não mais me compraz...

Pátria, este ente que não mais me compraz...

“Já não te vejo deslumbrante como outrora,

Já não te sinto luz dos meus encantamentos...”

Bons tempos em que Rinaldo Calheiros cantava essa versão de Haroldo Barbosa...

Nessa época, eu era ainda menino, e essa canção não era relativa à pátria.

Mas porque dela hoje me lembrei?

Porque é semana da pátria!

Puxa, é mesmo, é semana da Pátria!

Então, há alguns dias atrás foi também data comemorativa do Exército, não é mesmo?

Sim, bravos heróis de nossa terra, Duque de Caxias, o patrono do Exército Brasileiro.

Pracinhas da FEB a lutar tão longe! Ah! Os Expedicionários...

Por mais terras que eu percorra,

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá;

Sem que leve por divisa

Esse "V" que simboliza

A vitória que virá:

Nossa vitória final,

Que é a mira do meu fuzil,

A ração do meu bornal,

A água do meu cantil,

As asas do meu ideal,

A glória do meu Brasil.

Pois é, que triste, eu nem mais me lembrava, ou, se minha memória insiste em me acusar de que isso não se esquece, ela até tem razão em parte. Ao acordar hoje gente, pasmem, me lembrei sim de minha pátria.

Isto está, de forma indelével, incrustado no âmago das pessoas! Não é possível mais remover! Nem com as chamadas lavagens cerebrais!

Mas porque não mais me encanto como outrora?

Seria porque estou já cansado da longa caminhada? Mas, não foi tão longa assim, mal completei meus 57 anos. Sim, mas permeada de fatos que me deixaram desconfiado das instituições. Elas fizeram-me crer em determinados momentos, que o que faziam estava correto, que era para o bem do país. Forçaram-me, durante um período sombrio, acreditar que lutavam contra um inimigo que precisava ser destruído.

Sim, agora até penso que os momentos difíceis do meu país, foram causados por tendências insanamente inculcadas nas pessoas que cuidavam da política. Com fortes influências de países outros, que insistiam em querer dar sua receita para os que estavam ainda saindo de períodos imperiais.

Não posso crer que naquela época queriam o mal para o país, mas, até que ponto sabiam que o queriam era o bem ou o mal? Mas, os reacionários eram mesmo de forte determinação e causavam incômodo nas autoridades, com ênfase para os que tinham as armas na mão.

Não deixaram implantar uma nova forma de estrutura de governo que seria o Parlamentarismo, esse sim ainda não experimentado de fato pelo nosso país, mas que nos parecem muito democrático e a representação do cidadão está muito próximo da comunidade, como é o voto distrital.

Naquele momento de transição, a Guerra Fria estava no auge, depuseram um governo eleito democraticamente, e Jango foi expulso. Carlos Lacerda calado, Luiz Carlos Prestes, já não incomodava, Jânio também mergulhado nos seus pensamentos frustrados – não imploraram sua permanência - o legado de Getúlio estava sepulto, JK também ignorado, a economia caminhava para o caos, Tancredo ensaiou ser Primeiro Ministro, e, lá veio o triste período plúmbeo.

Eu, menino ainda, mal sabia para que lado ir, mas, as percepções que a liberdade estava cerceada pelo medo, estas sim eram muito nítidas, isso sim bem me recordo!

Eu disse à minha mãe: Vou me filiar à ARENA! No que ela retrucava:- “Tenho pena de você, se entrar na política. Isso só nos tornou mais pobres ainda!”

E a escolha não era lá muito difícil, só existiam dois partidos: ARENA e MDB, este último apenas ensaiando uma oposição pífia, para apenas “dar um ar” de democracia ao combalido país.

Ouvi a voz da experiência de minha mãe e não me filiei a coisa nenhuma até hoje!

Ela fora uma sofredora com o período que meu pai militava na política da década de 1950. Na época, era um sistema pluripartidário. A política envolvente levou-o a decisões, hoje creio intempestivas, onde o patrimônio da família duramente conseguido foi sendo rapidamente destruído, até que se percebesse estava ele, de comerciante bem sucedido no município, transformado a um operário de construtora que na época arrebanhavam a mão-de-obra local, e corrompiam as idéias dos que estavam estabelecidos. Não é diferente hoje onde implantam Usinas Hidrelétricas, ou onde existem grandes empreendimentos. Ele era realmente um aventureiro e decidido, onde o medo das conseqüências mal passava pela sua cabeça. Saiu de uma situação rudimentar da lavoura, para o bem sucedido comércio e daí para uma situação de operário em período muito curto.

Mas, o que isso tem a ver com a minha pátria, cuja comemoração está ocorrendo nesta semana?

Tem que, todos estes fatos ajudaram-me a desencantar, já não me emocionam os desfiles e o civismo de que tanto me encantei no passado, não mais se manifestam espontaneamente meus sentimentos mais recônditos relativos à minha terra.

Ao ver um símbolo pátrio, tremulante hasteado, não me vem mais aquele tipo de arrepio e sentimento de brasilidade, quando cantávamos o hino de forma compenetrada e séria, junto com nossos respeitados professores.

Eu me sentia orgulhoso de poder carregar a bandeira nas cerimônias escolares – privilégio só dos bons alunos – e pudia perceber sinais de inveja dos coleguinhas. Era assim que éramos incentivados a estudar, com a simples possibilidade de poder representar a classe carregando a flâmula e cantando o Hino à Bandeira do Olavo Bilac.

Éramos preparados para estudar, melhorando o futuro da Pátria! Só assim eram vistos os benefícios de um povo que tem formação escolar decente.

Ficava arrepiado de cantar o refrão:

“Recebe o afeto que se encerra

em nosso peito juvenil,

Querido símbolo da terra,

Da amada terra do Brasil!”

E quanto ao Hino Nacional, me lembro da professorinha de música, sempre disposta a reger com as mãos e coordenar o entoar de mais um símbolo pátrio – o HINO!

E repetíamos ao final da primeira e segunda parte do hino, todos perfilados olhando a Bandeira, com a mão no peito:

“TERRA ADORADA,

ENTRE OUTRAS MIL,

ÉS TU, BRASIL,

Ó PÁTRIA AMADA!

DOS FILHOS DESTE SOLO ÉS MÃE GENTIL,

PÁTRIA AMADA,

BRASIL!”

E ainda cantávamos outros hinos, sabíamos todos, até o da República, letra também do Olavo, me emocionava, quando cantávamos em alto tom:

Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós!

Das lutas na tempestade

Dá que ouçamos tua voz!

E o da Independência? Sim, o da Independência, amanhã comemorada, você se lembra?

“… ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil…”

Se a arte imita a vida, podemos notar que a história do Hino da Independência foi tão marcada de improviso como a ocasião em que o príncipe regente oficializou o fim dos vínculos que ligavam Brasil a Portugal. No começo do século XIX, o artista, político e livreiro Evaristo da Veiga escreveu os versos de um poema que intitulou como “Hino Constitucional Brasiliense”. Em pouco tempo, os versos ganharam destaque na corte e foram musicados pelo maestro Marcos Antônio da Fonseca Portugal (1760-1830).

Aluno do maestro, Dom Pedro I já manifestava um grande entusiasmo pelo ramo da música e, após a proclamação da independência, decidiu compor uma nova melodia para a letra musicada por Marcos Antônio. Por meio dessa modificação, tínhamos a oficialização do Hino da Independência. O feito do governante acabou ganhando tanto destaque que, durante alguns anos, Dom Pedro I foi dado como autor exclusivo da letra e da música do hino.

Abdicando do governo imperial em 1831, observamos que o “Hino da Independência” acabou perdendo prestígio na condição de símbolo nacional. Afinal de contas, vale lembrar que o governo de Dom Pedro I havia sido marcado por diversos problemas que diminuíram o seu prestígio como imperador. De fato, o “Hino da Independência” ficou mais de um século parado no tempo, não sendo executado em solenidades oficiais ou qualquer outro tipo de acontecimento oficial.

No ano de 1922, data que marcava a comemoração do centenário da independência, o hino foi novamente executado com a melodia criada pelo maestro Marcos Antônio. Somente na década de 1930, graças à ação do ministro Gustavo Capanema, que o Hino da Independência foi finalmente regulamentado em sua forma e autoria. Contando com a ajuda do maestro Heitor Villa-Lobos, a melodia composta por D. Pedro I foi dada como a única a ser utilizada na execução do referido hino, esse sim, vou deixá-lo aqui por completo:

Já podeis, da Pátria filhos,

Ver contente a mãe gentil;

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil.

Brava gente brasileira!

Longe vá... temor servil:

Ou ficar a pátria livre

Ou morrer pelo Brasil.

Os grilhões que nos forjava

Da perfídia astuto ardil...

Houve mão mais poderosa:

Zombou deles o Brasil.

Brava gente brasileira!

Longe vá... temor servil:

Ou ficar a pátria livre

Ou morrer pelo Brasil.

Não temais ímpias falanges,

Que apresentam face hostil;

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil.

Brava gente brasileira!

Longe vá... temor servil:

Ou ficar a pátria livre

Ou morrer pelo Brasil.

Parabéns, ó brasileiro,

Já, com garbo varonil,

Do universo entre as nações

Resplandece a do Brasil.

Brava gente brasileira!

Longe vá... temor servil:

Ou ficar a pátria livre

Ou morrer pelo Brasil.

Pois é meus caros amigos e amigas, as vicissitudes que se na vida me foram impostas não me apagaram não as lembranças de um país que se esforçava para sobressair de períodos inglórios, de se sobrepujar às intempéries políticas, a tentar sistemas de governos, de buscar fazer de suas riquezas algo bom para o povo brasileiro.

Não, não posso crer que os políticos queiram o mal para seu país e seu povo!

Não posso acreditar que isso se passe. Não quero crer que ainda pratiquem abuso de poder e ataquem a democracia, desrespeitando vilmente suas regras!

Mas, de novo, pelos mesmos motivos de outrora, está se formando no coração do povo a descrença de que possamos sair dessa situação injusta de analfabetismo e de entendimento de que nossas instituições estão de novo falindo!

Porque não temos mais aqueles exemplos de outrora, os grandes estadistas, os juristas, os estudiosos de novos tempos a desejarem um país livre da tendência de ser sempre subjugado. Ficaria aqui triste, pois certamente esqueceria de grandes brasileiros se citasse algum deles, sim GRANDES BRASILEIROS, que até hoje aprendemos a cultuar.

Mas hoje vemos a desonra campear solta nos meios políticos, onde o deboche ao povo fica escancarado e faz com que nos envergonhemos dos nossos representantes, que insistem em menosprezar o cidadão, e disputam seu voto como se fosse uma rinha, onde apenas emoção e raiva é que valem.

Onde estão os programas do futuro do país para se discutir?

Ora, programas! Isso não dá votos!

Ainda ontem, escancarada na TV mais uma demonstração de que nossas instituições estão falindo, mas se esforçando para limpar tanta sujeiras: o caso da cidade de Dourados – MS.

Há um poquinho mais de tempo atrás, foi em Brasília - O Governador flagrado recebendo dinheiro. Outro dia mesmo pegaram um cidadão ligado ao PT com as cuecas cheias de dinheiro, e assim vai...

Que vergonha! Minha gente!

QUE VERGONHA TENHO!!!!

QUANTA VERGONHA INVADE MEUS SENTIMENTOS MAIS NOBRES!!!!

E, isso, são apenas alguns exemplos, esse próprio governo atual, do Partido dos Trabalhadores, também envergonham o país, com muitas mentiras a enganar o povo, com verdadeiros assaltos aos órgãos públicos, a empregar de qualquer forma os correligionários, ávidos por “acertarem primeiro suas situações financeiras”, para depois sim, se der tempo, pensar no que podem fazer pelo povo!

Mas outros partidos também não foram diferentes!

Realmente, dá desânimo! São muitas as falácias de pouca eficácia as ações.

Até as cabeças pensantes mais idealistas já abandonaram o PT! O que restou – somente os que querem o poder pelo poder – nada mais! Não se vê ninguém discutindo soluções para o país!

E o povo, de memória sempre curta, esquece-se de que sempre de que a condução da política na busca de conforto ao seu povo deve ser de muito longo prazo, de planos que se sustentem no tempo, trazendo resultados concretos para o país.

Vejam como se juntam os trastes do país na política – Vejam Sarney e família, os Barbalhos e família, os Collor de Mello, enfim, alguns exemplos de “coronelismo” puro a campear os rincões de meu país!

Vamos relembrar uma das falácias desse governo, que me ficaram muito próximas.

Há cerca de um ano atrás, o governo iniciou uma campanha desenfreada contra os que, no norte do país, supostamente, desmatam, destroem a natureza, queimam as matas, enfim, agridem o meio ambiente.

O Ministro então, Sr. Minc, em atitudes rocambolescas, supostamente defensor perpétuo ambiental, se postou de soldado, e junto com a Polícia Federal foi até uma das cidades escolhidas – Tailândia, no Estado do Pará – e lá, quiseram dar um exemplo de como se combate os “supostos agressores do ambiente”.

Sim, foi só o exemplo! E que desastre, minha gente! Que tamanha falta de entendimento da realidade das coisas!

O brasileiro comum, pensa que estava resolvendo a situação ambiental do país com mais essa falácia!

O que conseguiram foi apenas destruir o pouco da economia local, amparada, sim, na madeira e no carvão. Não tem esses brasileiros outra possibilidade! Aí é que residiria a oportunidade de uma plano sustentável de mais longo prazo! Perderam-na, pois, apenas precisavam fingir que estavam resolvendo um situação, e tinha que ser no curto prazo.

Enquanto isso, hoje, os satélites mostram as grandes destruições e queimadas ocorrendo em infinitos pontos do país. Onde encontram-se os destruidores de Tailândia?

O que fizeram lá em Tailândia os empossados desse governo?

NADA!!!! ABSOLUTAMENTE NADA!!!!

APENAS DESTRUIRAM O POUCO QUE TINHA!!!

Um parente meu, a quem muito estimo, há cerca de três anos, resolveu ir cuidar de suas terras, justamente nesse lugar. Terras estas que arduamente foi comprando ao longo do tempo, dos assentamentos do INCRA, que lá abriram muitas áreas. Seus pais lá estavam a cuidar das coisas.

Vendeu tudo o que tinha aqui em São Paulo, e rumou ao Norte, “de mala e cuia” como se diz popularmente.

Não era lá tanto assim, cerca de 40 Alqueires, onde o melhor da madeira, já havia sido retirada há muito tempo, pelos madeireiros estabelecidos, que há muito tempo vem destruindo o melhor da mata, e vendendo para construírem móveis que são usados até mesmo no Planalto!

Assim, o que restava de mata derrubada, eram o que lá ficou caído, os que se destoca, as raízes, para tornar a área boa para o plantio, e iniciar uma atividade mais digna.

Pois bem, os Policiais Federais” que andam por pistas asfaltadas – não foram onde realmente há destruição – lá apareceram e destruíram a forma com que se podia tirar um mínimo de renda que é o carvão dos resíduos, enquanto se aplicava em atividades mais produtoras, como o leite, as criações, as plantas, o farelo de caju, a castanha, etc…

Pois bem, assim, o fizeram com uma série de propriedades, mas não foram em lugares vizinhos que também faziam o mesmo! Sabem porque? Porque eram os protegidos locais!

Na região impera a lei dos mais fortes. Os juízes mancomunados com advogados, os do poder, são também exploradores – foram pioneiros na destruição – e ai de quem se defronte com eles.

A Polícia local não investiga crimes, assim que se entra no Estado do Pará, por asfalto, já na travessia do Tocantins, a Polícia corrompida vem achacar, procura criar fatos para que possa exigir pagamentos “para que não se aplique a lei”…

Os juízes classistas, a “protegerem o emprego” aceitam qualquer denúncia, pois, ao ver que o cidadão incauto tem algum bem, por mais simples que seja, lhes tomam sem maiores cerimônias, para pagar os “acusadores” e aos advogados mancomunados, ficando o acusador com muito pouco do valor pecuniário atribuído à causa. É a injustiça instituída! É a indústria da safadeza sob o manto sagrado da justiça! É a avacalhação das leis, que só são aplicadas e valem nos grandes centros do país, enquanto que no resto é um verdadeiro salve-se quem puder.

Sabe o que ocorre em um lugar desses para acusadores de outros poderosos? MORREM!

Mas, não no caso, pois pessoas de boa índole, não usam dessa estratégia para se manterem. Optam por perder tudo a se mancharem de sangue de vítimas também desse sistema nojento instalado no país!

Mas, os demais mandam simplesmente matar. Por muito pouco se mata alguém nesses lugares. Basta ser um desafeto qualquer, e por motivos torpes, por qualquer gorjeta o infeliz é despachado a acertar as contas com o diabo!

Se alguém gostar de sua propriedade, e for mais forte, mandam um recado simples, dizendo que quer comprá-las. E acaso você não a venda, fica na mira das armas e perderá a vida, caso insista em manter o poder da terra.

É assim que funciona em muitos rincões isolados desse meu país.

Não preciso dizer, que essa situação tornou-se insustentável. A terra lá agora não tem valor, a propriedade antes duramente adquirida, não encontra compradores, e os aproveitadores ficam à espreita das oportunidades, transferindo assim a renda para os que detem já o poder – verdadeira concentração da economia.

Os interessados colocam até fogo na pastagem, tornando mais difícil a permanência, assim vão, aos poucos minando o que resta da vontade e abnegação de um brasileiro!

Meu querido cunhado está hoje de volta à São Paulo, reiniciando sua luta!

Que Deus o ilumine e ajude sempre! Um brasileiro lutador, vítima desse governo hipócrita, que não tem nenhum planejamento consistente para o combate à destruição, sem matar o cidadão, e sim promovendo um crescimento sustentável, onde a Bandeira do Meio Ambiente, promova a inclusão social, entenda os motivos e a necessidade da população e não destrua os sonhos das pessoas!

Tenho trabalhado em Rondônia, e, em uma viagem de retorno, no avião, encontrei uma senhora que está lá em Porto Velho há cerca de 30 anos. Ela trabalhava justamente como imobiliária, fazendo corretagem de terras. Viemos em uma muito animada conversa, cheia de conhecimentos e temas interessantes.

Ela me contou muitas de coisas ruins que lá também acontecem. Não é diferente – a Lei para os poderosos e a terra dos assentados lhe passam a pesar no corpo inerte, a sete palmos de profundidade – isso se, se derem ao esforço de enterrar o incauto – pois na maioria das vezes – ficam apodrecendo sobre a sua tão suada terra!

Acabo de concluir um MBA – Gestão Socioambiental aplicado à Energia Hidrelétrica – aprendi nesse curso a ser mais ambientalista, a procurar, de forma inteligente, garantir a denominada “SUSTENTABILIDADE”, que se traduz por: tirar da natureza o sustento de hoje, garantindo o sustento das gerações futuras.

Coisa difícil de fazer todos entenderem, até o próprio papagaio do planalto não entendeu ainda o que é essa coisa denominada “SUSTENTABILIDADE”.

Como entender se mal sabe ler!

Aí reside o principal motivo do nosso atraso – a falta de educação do povo – Mas educação como deveria realmente acontecer – como ensinavam nos meus tempos de outrora…

Pois é meus amigos, “Porque me ufano do meu país”, escreveu Afonso Celso, nos idos de 1.900, de cujo início da obra tomo as primeiras palavras:

Quote

I

Para quem e para que foi composto este opúsculo

As páginas que aí vão — escrevi-as para vós, meus filhos, ao celebrar a nossa Pátria o quarto centenário do seu descobrimento. Sorri-me a esperança de que encontrareis nelas prazer e proveito.

Consiste a minha primordial ambição em vos dar exemplos e conselhos que vos façam úteis à vossa família, à vossa nação e à vossa espécie, tornando-vos fortes, bons, felizes. Se de meus ensinamentos colherdes algum fruto, descansarei satisfeito de haver cumprido a minha missão.

Entre esses ensinamentos, avulta o do patriotismo. Quero que consagreis sempre ilimitado amor à região onde nascestes, servindo-a com dedicação absoluta, destinando-lhe o melhor da vossa inteligência, os primores do vosso sentimento, o mais fecundo da vossa atividade — dispostos a quaisquer sacrifícios por ela, inclusive o da vida.

Embora padeçais por causa da Pátria, cumpre que lhe voteis alto, firme, desinteressado afeto, o qual, longe de esmorecer, — aumente, quando desconhecido, injustamente aquilatado, ou ingratamente retribuído, e, jamais, em circunstância nenhuma, vacile, descreia, ou se entibie.

Mas cumpre igualmente que não seja um amor irrefletido e cego, e sim raciocinado, robustecido pela observação, assente em sólidas e convincentes razões.

Unquote

Puxa vida, lendo isso, escrito há mais de um século, vê-se o quão lento é o desenvolvimento do meu país. Digo desenvolvimento mesmo, inclusive intelectual – o principal – a tornar o país dirigido por gente melhor preparada – Não posso imaginar que estejamos elegendo no próximo pleito mais Tiriricas, pois o planalto já está repleto de mambembes!

Parece-me que ufanar-se da própria terra não é mais lá tão importante!

De que adianta uma grande extensão territorial se nessa vastidão a justiça impõem-se apenas aos desditosos?

De que adianta uma grande nação, se a destroem vilipendiando-a, explorando-a e vendendo-a por pouco dinheiro?

Porque um imenso país, se seu povo não sabe fazer uso sustentável de sua exuberante natureza?

Porque um enorme território para ufanar-se, se dele o produto não sai para a mesa do brasileiro, se não gera riqueza para poder mantê-lo pródigo?

Pois é meu caro Afonso Celso, me perdoe por tê-lo tomado também para manifestar meu desconforto e desilusão, em ver que você, o Rui, o Barão e outros ilustres brasileiros, escreveram muito, mas que me parece em vão, oxalá me equivoque!

A capacidade do povo em gerar seus maus representantes, me parece é muitas vezes pior do que nas suas épocas! O povo hoje, acredita em milagres, aceita mentiras, acha que do céu cairá o maná a sustentá-lo! Não tem base para dois minutos de “prosa”…

Vamos em breve, possivelmente acordar de um sonho, quando na mesa do povo se servirá como cardápio o resultado da falta de instrução, de leitura, de base para eleger seus políticos, que determinarão a forma de conduzir o pais de que muito nos ufanamos!

Assim, meus compatriotas, lamentavelmente, não tenho muitos motivos hoje para me sentir feliz, me sentir entusiasmado com o meu país, me encrespar e sentir percorrer o arrepio da emoção na minha espinha dorsal espalhando pelo corpo ao ouvir um hino, a admirar sequer um cidadão ilustre que me represente nas casas legislativas, no judiciário, no executivo!

A esperança, meus amigos, é que a vida de um país, é infinitamente maior que a dos que a administram, de forma passageira, de forma a juntar experiências ao longo do tempo, atrasando por vezes, avançando aos soluços, e lentamente avançará para o um futuro qualquer, quiçá, após algumas gerações, com maior pujança.

Mas hoje, realmente, estou deveras inconformado! Tenho poucos motivos para comemorar, em que pesem estarem os políticos tentando refrear a falta do bom caráter, como a regra da “Ficha Limpa” – paradoxal isso, e ao mesmo tempo lamentável, precisar de regras para não deixar o desprovido do bom caráter tomar os lugares dos bons! Me parece isso uma aberração, afinal, o que faz solto na sociedade o mau caráter?

Assim, quero deixar, apesar do inconformismo, uma mensagem de esperança, já, que me ufanar não deve mesmo ser de forma inconsistente, não pode mesmo o meu amor pela minha pátria ser cego e irrefletido, deve ser raciocinado, assim, dessa forma, deixo minhas impressões de que ainda vamos ver a base da formação da nação, preservada de forma sã – a família – célula primordial!

Daí termos o respeito aos mestres de volta às casas de ensino, o respeito às coisas alheias ensinadas pelos pais aos seus filhos, o entendimento de que o trabalho bem coordenado é que contribuirá para a riqueza, que instituições fortes é que fazem com que o país seja respeitado mundo afora! Que os valores e bons princípios é que prevalecerão, contribuindo para a formação da boa índole e construirão o bom caráter nacional em meio à virtuosidades dos representantes da população, que, acima de tudo seriam éticos!

Me resta também o tempo, este sim senhor da verdade e imbatível em tornar esquecidas as personalidades insonsas que fizeram parte da história da política nacional.

Me faria rir, se nesse futuro estivesse eu vivendo, ao constatar quantas asneiras foram coletadas em um período tão fértil de imbecis a dirigir esta grande nação.

Me faria deleitar ver o quanto a ignorância ficou instalada nas instituições, causando um mal irreparável ao desenvolvimento do país.

Os fatos estapafúrdios de hoje serão exemplos no futuro, a ensinar como não se deve eleger néscios para governar o país, de quanto custou debelar a falta de conhecimento da população, eterna pagadora das consequências das decisões dos idiotas.

Do quanto legislaram em causa própria, locupletando-se da renda suja auferida através da corrupção, e do quando custou ao país e ao povo esse período inglório e ceifador das oportunidades dos justos a perecerem na busca de seus lugares ao sol.

Do quanto um Estado assistencialista permaneceu na ficção de que uns podem viver à custas dos demais.

Então, provavelmente diriam, que este cidadão não é patriota!

Sim, hoje, pode ser que o digam, e nada farei para demovê-los dessa impressão, eis que reflete o que podem pensar, lhes foi tirado o dom de melhor fazê-lo! E insano seria lutar contra a ignorância instalada!

O que seria ser patriota? Seria apenas ufanar-se do potencial desta nação? Seria ser conivente com as imbecilidades que assolam o país, ou rebelar-se contra a ignorância arraigada nas instituições, na busca de um melhor momento para o meu povo?

Como disse inicialmente, é muito difícil esquecer a pátria, a gente não tem outra. Já pude viver em outros países, contando os dias para voltar à minha terra! Lá me sentia triste, vendo como vendiam as bundas de nossas mulatas, e de como isso fazia com que houvesse desrespeito às brasileiras, quaisquer que fossem elas, numa generalização do produto de exportação mais cobiçado! Triste realidade! Os próprios brasileiros e brasileiras lá vivem disso! Assim, o turismo em uma terra tão pródiga, é pífio de chorar!

Bem sei que lá fora, tive infinitos exemplos de boas coisas para o meu país. Pude ver como o dinheiro do cidadão é bem empregado, pude assistir representantes envergonhados irem para a vala dos comuns e dos sem caráter, por motivos que aqui são corriqueiros e aceitos como normais.

Então, ficou fácil ter minhas conjecturas alteradas irremediavelmente, meus conceitos revisitados e a sensação de saber que caminho seria o mais adequado para minha grande pátria! Caminho simples de trilhar, porém difícil de colocar todos nessa trilha: a do bom caráter, a da ética, a da virtuosidade, a de valores intrínsecos da boa formação de um povo!

Sim, minha pátria! A qual tenho verdadeiro delírio, verdadeira paixão e anseio de vê-la brilhar entre as demais nações, vê-la respeitada pelos valores mais nobres de um povo!

Maldigo o que és hoje pelo muito que te quero, pelo muito que tu merecerias hoje ser, pelo muito que até então lutei e luto, para que o seu futuro seja mais permeado de boas coisas!

Por isso, e pela esperança, hoje Pátria, você é este ente que não mais me compraz..., porque de todos os filhos deste solo, és uma mãe extremamente gentil, minha pátria amada, Brasil! Até mesmo dos filhos que não te merecem!

Marco Antonio Pereira

06/09/2010

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 06/09/2010
Reeditado em 03/09/2018
Código do texto: T2482039
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