O strip-tease

Quando Rogildo comprou a camisola preta, como presente de aniversário para Jesunilva, tinha também em mente realizar um sonho, vê-la fazendo um strip-tease vestida com aquela peça. Chegou a casa com o presente na mão, em um lindo embrulho, pedido dele a moça do pacote, que gentilmente atendera. Curiosa, Jesunilva não conseguia disfarçar a sua ansiedade em querer abrir e desvendar logo o mistério, algo que só não aconteceu, por que Rogildo dissera a ela que se arrumasse para comemorarem o aniversário em um restaurante, onde há trinta minutos havia feito uma reserva.

Jesunilva era linda, o que o fazia de vez em quando sentir um pouco de ciúmes. Ao sair do quarto arrumada, Rogildo só confirmou, a si mesmo, que realmente tinha se casado com a mulher mais bonita do mundo, e que era um homem de sorte. Saíram rumo ao estabelecimento, onde puderam aproveitar a boa comida que ali oferecia, uma rosa vermelha sobre a mesa acompanhando o jantar, demonstrava todo o carinho que sentia por ela.

De volta a casa tomaram banho juntos e enrolados nas toalhas seguiram para o quarto, onde se amaram ao som de Bee Gees. Em meio à madrugada, depois de se entregarem calorosamente um ao outro, Rogildo buscou o presente que ficara sobre o sofá e que ainda atiçava a curiosidade de Jesunilva. Abriu o presente com cuidado e ao ver o conteúdo ficou emocionada, era a camisola preta que tanto quis, e que ficava a enamorar pela vitrine quando saia para passear com as colegas.

Extasiada, quis colocá-la naquele momento, mas foi surpreendida pelo marido. Um súbito pedido que deixara nervosa (muito mais pela vergonha) e enrubescida. Nunca em dois anos de casamento ele havia solicitado tal ação, e também nunca passara em sua cabeça fazer isso para ele. Constrangida, pediu a Rogildo que desse um tempo para ela pensar, que foi consentido numa boa.

Passado uma semana do episódio podia-se perceber, de maneira visível, que o tal pedido mexera com ela, Rogildo já dava como descartada a tal possibilidade quando Jesunilva aceitou, pedindo que a desse mais uma semana para se preparar. Animado, ele não se importou em esperar, afinal logo o final de semana estaria de volta. O que Rogildo não contava era as horas extras que teria que fazer, pois a empresa necessitava desesperadamente cumprir com os contratos, trabalhou de segunda a sexta-feira das oito da manhã às oito da noite. Uma jornada de doze horas que o tirava toda energia, e diminuía umas boas horas de sono.

Chegado o grande dia, Rogildo estava exausto, Jesunilva claramente sentia o cansaço nos olhos do marido e, queria recompensá-lo do esforço da semana, à noite quando realizaria o sonho dele. O quarto estava todo ambientado para a ocasião. Uma meia luz (adaptado de um abajur) e um som bem baixinho do Bee Gees o aguardava, da porta o chamou e pediu que fosse direto deitar na cama, tanto ele quanto ela estavam nervosos, mais ao mesmo tempo excitados. Com a sua camisola preta estava uma beldade, e meio desajeitada começou o seu showzinho particular, lentamente Jesunilva foi entrando no clima, enquanto Rogildo vislumbrava a figura da mulher.

Conteve-se para não atacá-la e estragar tudo, suas mãos, febris, queriam tocá-la de qualquer jeito, porém fatigado pelas horas extras da semana, aos poucos foi se entregando ao sono até render-se completamente. Enquanto isso, Jesunilva, que não sabia o que acontecia com Rogildo, devido a cumplicidade da meia luz, em uma volúpia de se admirar fazia a sua performance. E faltando uma única peça para tirar, ouviu um ruído vindo da cama, que se assemelhava a um ronco, diminui o volume da música para ouvir novamente e com uma audição apurada apenas confirmou o que ouvira antes.

Seguiu até o interruptor e ao acender a lâmpada, o flagrou com a “barraca armada” e em um sono profundo, ficou perplexa, sem saber se xingava ou ria da situação, por fim resolveu também ir dormir, (estava cansada) e ficou decidido que na próxima vez o STRIP-TEASE seria feito com a lâmpada acesa e sem muita demora, para que não houvesse motivos para encontrá-lo novamente dormindo e fosse para cama deixada na mão.

Regor Illesac
Enviado por Regor Illesac em 10/09/2010
Código do texto: T2489449
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