Zé do Povo
Após os inusitados episódios exibidos pelos telejornais de todo o país, aqueles que nós bem recordamos, mas é bom citá-los para inteirar a tão esquecida memória brasileira: os “cuecões”, os “meiões” e os “mensalões”; tudo nos faz pensar, que outras sujas peculiaridades ainda não foram reveladas? Não obstante toda essa torva, subiu ao palanque o nosso estimadíssimo Zé do Povo. Estava muito tenso, pois estivera metido em tudo aquilo, porém tinha o pensamento fito em seu discurso, principalmente em manter aquele nível vulgo de linguagem e sempre repleto de erros de concordância, com o intuito de estar no mesmo patamar linguístico do povo. Também aquela retórica carregada de sentimentalismo barato. Tudo isso para conquistar-nos.
Começou então o discurso:
- “Meus cumpanhero e cumpanheras! Heróicu Povu Brasileru”!
-“Num vamu nus preucupá cu’essa crisi...ela é só uma maroliiiiinha”!
Enquanto falava olhava fixamente para os olhos do povo para maior efeito causar o discurso. Passar mais “sinceridade”, certo ar de confiabilidade. Porém o pensamento o atormentava, quando disse marolinha vinha-lhe a mente um tsunami.
-“Vamu vencê essa crisi! Us nossu cumpanhero ministru já tão tumanu as midida preventiva”.
Zé do povo falava da crise enquanto crises amalgamavam-se dentro de si. A crise mundial e a crise “mensalônica”... Oh! Turva maldita! A cada dia surgem novas notícias de novos mensalões. Os pensamentos tiniam em sua cabeça.
Depois de uma hora de discurso ele termina:
-“Meus cumpanhero um grandi abraçu do seu amigu Zé du Povu”!
Descendo do palanque pensara: “... que bom! Desci desse inferno! Não preciso mais olhar para a cara desses malditos miseráveis”!