EXISTO? SOU A VERDADE DAS MINHAS MENTIRAS?
 

Pior do que a voz que cala,

é o silêncio que fala”
(desconhecido)                  
 


Ontem adormeci lendo Lya Luft e amanheci me indagando: “Quem é essa, agora, que dentro de mim me assusta e me atrai?”


E na seqüência, seguiram-se outras indagações... Existo? Sou a verdade das minhas mentiras? Sou todas as personagens de minha ficção? Admito ou disfarço? Mas, como posso saber? Por que só sei falar de sentimentos? De saudade, de amor, de dor, de desencanto, de tristeza? O que me leva a isso? Sou triste por natureza? Sou desencantada? Sou difícil? O que me atormenta? Por que ao invés da claridade do sol só a noite atrai a escritora? De onde me vem este “ar Schopenhauer” de suprema expressão de um eterno desgosto? Por acaso só enxergo a escuridão da Dor em todos os fenômenos da vida? Pessoalmente não me sinto assim, sou tão tranqüila... Tão comum... Sou tão alegre... Sei sorrir... E me sinto feliz...


Incognoscível... Eu? Seria o caso? Por que não só mulher abstrata apenas existindo esperando  cada manhã, cada anoitecer sem nada fazer? Ah, que complicado! Mas se escrever é a minha sina só me resta seguir o conselho dado  a Lya Luft,  de toda noite acender uma vela para os meus personagens, que sofrem e enlouquecem em meu lugar. 

Zélia Maria Freire
Enviado por Zélia Maria Freire em 16/09/2010
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