A terra é um "ser vivo". Pandora é aqui.

Mal completara dezesseis anos e me caiu na mãos um livro de capa dura de cor verde do conhecido “Circulo do Livro. Eram os idos de setenta e dois, salvo engano. Na rua em quem eu morava, um pedaço de chão batida às margens do rio anil em São Luis do Maranhão. Foi por um primo que eu mergulhei no universo de uma boa leitura e foi entre estas letras mágicas que fiz contato com o “livro secreto das plantas”. Neste livro incomum fiquei sabendo de pesquisas antigas sobre vegetais realizadas na índia milhares de anos antes do cristianismo, por exemplo. Nele descobri admirado que estudos eram feitos e pouco divulgados a respeito das “reações” de vegetais. Nele soube de um pesquisador, que agora me foge a memória, que pesquisou plantas através de eletroencefalógrafos, submetendo-as a ação de objetos cortantes, fogo etc, o cientista percebeu que as plantas reagiam tanto sob o ponto de vista das ameaças, assim como quando eram tratadas de forma gentil, digamos assim. Soube também que elas, quando próximas de casais em ato sexual, reagiam diante do ato.

Passados muitos anos, li em revistas de grande circulação, sobre a experiência de japoneses na instalação de caixas sonoras com músicas clássicas como estimuladores de tomates, que diante da boa música produziam frutos maiores.

Voltando um pouco mais no tempo, vejo-me caminhando pelo sítio que ficava acima do quintal de nossa casa. Nas caminhadas matinais em busca de bacuris, que caiam sempre na madrugada e nunca em outros horários (relógio biológico das plantas?), encontrava com plantinhas que, quando “ameaçadas” por mãos humanas, se fechavam rapidamente (medo das plantas diante do perigo?).

Estes temas ficaram durante muito tempo guardados na parede da memória, mas ainda a pouco, assistia pela terceira vez ao filme avatar e nele via a personagem do Jake tocar uma planta da região de pandora e ela “reagir” ao toque, e as minhas memórias afloraram de forma que não me contive e resolvi escrever sobre o assunto.

Muitos assistiram ao filme apenas com o intuito de perceber as maravilhas da computação gráfica e por isso, deixaram de mergulhar na beleza da essência escondida no meio dos efeitos 3D.

Quando as duas personagens centrais da história conectam seus cabelos com as estruturas da árvore mãe e escutam as vozes dos antepassados, me voltam imagens da adolescência, quando andando por um cemitério de minha cidade fico admirado com um frondoso cajueiro que crescia por entre os túmulos. Aquela imagem despertou em mim um avatar que habita em todos nós adormecido. Pensava – Então o que vai para o chão, restos humanos, vão alimentar a árvore que vai nos fornecer frutos? – Pensava.

Será que é tão difícil de compreender o sentido deste ciclo interminável da vida?, será que não dá pra compreender, que todos nós, reis, rainhas, mendigos, santos, cafagestes, putas, santas, somos pedaços de uma estrela, de uma árvore de pandora, de uma carcaça de cachorro, de um pedaço de melancia que se estragou no transporte, como tantas e tantas toneladas que são jogadas fora todos os dias?. Não dá pra perceber como disse aquele velhinho no congresso de meio ambiente: “Quando a gente empurra uma árvore, a gente embala uma estrela”?. Afinal a árvore do “fictício” planeta pandora, não é a árvore da esquina da nossa casa em qualquer bairro do planeta terra?. Afinal, pandora não é o próprio planeta na visão ficcional do autor do filme campeão de bilheteria? Quando vamos compreender que somos parte de um todo e que o meio ambiente, só será inteiro numa visão compartilhada entre todos os seres que nele habitam, e que nós estamos errando na parte que nos cabe?

Senão vejamos; as plantas continuam realizando a fotossíntese, o sol continua enviando sua luz(energia necessária), os camarões, o carangueijo e outros continuam fazendo a limpeza, os ratos continuam “comendo” os restos que deixamos, ou alguém acha que os ratos não fazem parte do contexto?, que poderiam não existir?

A presunção humana nos faz subir no monte do Olympos da criação e olharmos para árvores, terra, mares e ar, como se nãos fôssemos parte dele. Durante este tempo em que estive redigindo, ingeri água, aproximadamente, 500 ml, Pois a boca esta ressequida, resultado de um meio ambiente, que responde aos atos insanos de humanos sedentos de dinheiro e sem nenhuma noção da necessidade de preservar, e que está quente e seco como nunca.

O noticiário diz que até janeiro do ano que vem o tempo vai permanecer seco e quente. O que fizemos como nossa Pandora ? quem entre nós será o Jake que tomará nas mãos a responsabilidade de tentar nos salvar? Haverá salvação em um mundo que só pensa nos lucros?

RobsonJr
Enviado por RobsonJr em 18/09/2010
Reeditado em 24/09/2010
Código do texto: T2505418