SOLIDÃO
Um vento gelado, soprava no fim da tarde, fazendo com que as ruas ficassem vazias.
O homem caminhava com passos rápidos, segurando um soluço sêco na garganta. Sentia que o mundo inteiro estava contra ele. Seguiu pensando em suas feridas da alma, em suas cicatrizes do coração que teimavam em não se fecharem completamente. Afloravam seus mêdos, suas inseguranças...
E o soluço sêco comprimia seu peito, lhe arrancando todo o ar e por isso o seu caminhar cambaleante.
Entrou no carro e dirigiu-se a seu apartamento. Abriu os vidros do carro para que o ar gélido da tarde/noite pudesse lhe tirar daquele topor.
Parou num semaforo adiante. Outros carros tambem pararam. Olhou para seus ocupantes. A fisionomia de todos não lhe eram familiar. Mas estavam todos calmos, alegres, conversando entre si, talvez assuntos corriqueiros. Assuntos sobre pais, filhos, namorados, faculdade, saldos bancários; sobre o time de futebol, próximas eleições... Assuntos rotineiros, do dia a dia dos mortais comuns.
Chegou no prédio onde morava, guardou o carro na garagem e foi para seu apartamento.
Uma vez lá dentro, constatou um imenso vazio, uma completa solidão.
Lembrou-se dos amores vividos, dos amores perdidos, de todas as mulheres que entraram e que sairam de sua vida.
Jogou o paletó na poltrona, afrouxou o nó da gravata. Foi até a cozinha, abriu uma cerveja.
Voltou à sala, ligou a TV: estava passando o horário político. A desligou!
Dirigiu-se ao banheiro, tomou uma longa ducha, vestiu o pijama, deitou-se...
Antes de dormir, ainda exclamou:
- ... que droga de vida...