O VOO DO PENSAMENETO

Não sei se eu penso demais ou se todo mundo viaja em seus pensamentos, como eu.

Quando, pela manhã, pego o ônibus para ir para o trabalho, eu começo a viajar também nos meus pensamentos e fico a imaginar o que estará passando na cabeça de todos os passageiros. Cada um está com um mundo na cabeça . Muitas vezes estão tão absortos que nem vêem a beleza do Aterro do Flamengo, com suas árvores, flores e caminhos povoados de passantes que se beneficiam do sol claro e quente desse nosso inverno maravilhoso.

Na minha opinião os tetos dos ônibus deveriam ser móveis e só fechar em dias de chuva. Só assim os pensamentos poderiam voar sem se congestionar. Vocês já imaginaram se os pensamentos fossem visíveis? Que tragédia, que engarrafamento de pensamentos, que confusão!

Ainda bem que eles são secretos, cada um de nós carrega os seus e, o pior, às vezes os escondemos até de nós mesmos.

Não quero pensar em você e fico enganando a minha cabeça . Penso num mar azul, e aí vejo você nadando. Um céu escuro, e aí penso em você vestido de cinza. Penso em crianças, e aí lembro-me dos seus filhos e dos meus. O que será que não me faz lembrar você?

Já sei: meditação. Vou repetir o meu mantra duzentas mil vezes sem interrupção para ver se o tiro da minha mente. A-d-e-u-s, respiração profunda, A-d-e-u-s, respiração profunda, A-d-e-u-s, respiração profunda...

Edina Bravo

edina bravo
Enviado por edina bravo em 01/10/2010
Reeditado em 29/05/2013
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