NO SILENCIO DA CABINE

No vazio da cabine.

Um dia para esquecer, assim foi esta manhã, quando me vi de frente para aquela urna. Solitário revendo todos os meus conceitos, revirando minha ideologia, assistindo um vídeotape de todas minhas lutas e sonhos de um país melhor, com uma pequena mais que justa fosse divisão de rendas. Sim eu era um sonhador sem nunca iludir sonhar com a erradicação da pobreza.

Sonhava com uma sociedade com olhares para a base de uma pirâmide que insistia crescer exponencialmente, que revisse os conceitos, que buscasse a presença do pão nos miseráveis lares espalhados por esta rica nação. Odiosa inaceitável esta coisa de nação tão rica para um povo miserável em bolsões.

Pois bem assim me sentia como uma criança que não fala, perdida na multidão de uma festa de rua, sem nenhum crachá que lhe pudesse identificar. E nesta tristeza meus olhos passeavam pelos números, não tinha cola ou qualquer tipo de lembrete, pois sempre soube os números, que inspiraram a sonhar e acreditar, mas desta vez, um branco anulante invadiu minha alma, e todos estes números se apagaram como uma mágica.

Lembrei do parto, momento de susto pela luz, momento da incerteza que se espera. Olhando fixo para o teclado, um numero me chamou a atenção, tinha o formato da barriga de minha mãe, neste momento senti uma onda de calor e conforto, era o beijo de minha mãe que me encorajava a dizer não, a esquecer todo o passado. Foi um momento de depuração ideológica. Aquele numero tinha a formula ideal de minha equação e o abracei com toda força que me restava. Meu dedo indicador se sentiu como a mais poderosa arma de repudio a toda este festival de besteira.

Estava decretado, computado e liberado para poder votar.

E fui saindo de mansinho ouvindo aquela nojenta musica,que parece celular indiscreto dentro de local fechado.

Que o voto seja livre!

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Toninhobira

03/10/2010.

Toninhobira
Enviado por Toninhobira em 03/10/2010
Reeditado em 03/10/2010
Código do texto: T2535386
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