BARQUINHOS DE PAPEL

Lêda Torre

Dias chuvosos aqueles da minha infância...relâmpagos, trovões, quanto medo daqueles fenômenos naturais, e de vez em quando ouvia-se falar que não se deve ficar debaixo de árvores, porque elas atraem raios! Ou quando chove, não se deve tomar banho no rio, lago ou açude, também atrai raios... e nós crianças muito novinhos ainda, ouvíamos tudo como se aquelas ordens viessem direto dos céus...quem estaria doido para enfrentar cada temporal daquele!

Era muito comum se ouvir dizer que em tal local caiu um raio e matou “fulano”, ou cicrano. E sempre tínhamos medo dos castigos de Deus. Mas a lembrança mesmo que tenho daqueles tempos chuvosos, é do barulhinho da chuva no telhado, aquele ventinho frio, nos acariciando suavemente, e dava aquela vontade de deitar numa rede tão gostosa! Ah minha infância. Na época de São João, faz muito frio até hoje, era tão bom fazer fogueiras, passar fogo, ter madrinha ou padrinho de fogueira, assar batata e abóbora debaixo das brasas, brincar de quadrinhas, e demais danças da época...desfile da rainhas caipiras, essas coisas que nos marcaram muito. E os namoros também? Mesmo que depois das festas juninas passassem ou permanecessem, valia a pena arriscar...infelizmente, essas lembranças são apenas pequenos recortes das nossas memórias.

mas o forte mesmo, era naquelas águas que corriam rua abaixo, corentezas bem fortes, soltarmos nossos barquinhos de papel, e ficávamos na nossa maneira pura de pensar, onde seria que aqueles barquinhos iriam paras? mas o importante era que soltamos nossos barquinhos de papel...mas ficaram esses momentos na nossa memória.

____São Luis, 06/10/2010________

Lêda Torre
Enviado por Lêda Torre em 06/10/2010
Reeditado em 06/10/2010
Código do texto: T2542091
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