60 SEGUNDOS

Ei, vai com calma, desconecte-se, pare um pouco, aliás, pare sempre. Não deixe o trabalho invadir seus domingos, suas folgas, seu feriado, suas férias, sua vida. Pause, dê um tapa no relógio, não deixe as horas mandarem em você. Não perca o controle do tempo, mas tenha tempo para se descontrolar.

Nos tempos de hoje as obrigações chegam por email, com isso você trabalha tanto fora quanto em casa. Entenda que há felicidade em parar para pensar. Um dia, voltando de ônibus do trabalho eu estava alimentando preocupações e pensando nas tarefas do dia seguinte sem saber me desligar. Nesse mesmo dia duas garotas entraram no coletivo, ao invés de se sentarem preferiram ir de pé, elas brincavam (sete, oito anos, devia ser a idade delas), sorriam ao tentar o equilíbrio, sorriam ao passar pelos solavancos da estrada, sorriam.

Nisso, pude sorrir também. Tolos somos nós, os adultos, fazemos da rotina uma agonia, um fardo. Olhei pela janela, um grupo de estudantes voltavam da escola (dezesseis, dezessete anos, devia ser a faixa etária deles), me imaginei ali, sorri pelas lembranças que me brotaram. Fiquei pensando: por que mudamos tanto?

Preciso ficar atoa um pouco, não quero entrar no jogo frenético do corre-corre, assim, muito pouco ou quase nada se aproveita. É preciso respirar a vida a cada instante. Sorria, desconecte-se, dê-se um pouco mais de tempo.