A FELICIDADE BATE À PORTA

País das Maravilhas, "Neverland"... caso não me engane se passa nestas imediações a estória daquela menininha sapeca, Alice! Como também foi o nome dado por Michael Jackson ao seu Rancho (aqui rancho é cafofo de caipira e pescador, nos “steits” é mansão de rico). Explicar porque um marmanjo chama sua casa de Terra do Nunca, é tarefa para discípulos dos doutores Freud e Jung.

Provocador e vingativo estampo meu retrato no alto da crônica que, semanalmente, publico em jornal de Bom Despacho contando mentiras e verdades sobre aventuras (nem sempre recomendáveis); como por haver nascido e trabalhado a vida inteira no comércio da cidade, supunha-me conhecido... quando o segurança da Agência do INSS, onde fui levar certo papel, me chamou à realidade. -Tem que passar na outra porta, primeiro! Só então avistei o portal, semelhante àquele de aeroporto, para detectar explosivos, drogas e metais...

Devido a minha desencorajante compleição física (e moral) amigos e inimigos, uns por bem outros por mal, me chamam de Zé Bonitinho! Ele mesmo, personagem ridículo e por isto engraçado do programa de TV - A Praça é Nossa –, que se acha o tal com as mulheres mas não pega nenhuma! Camarada, o guarda sugeriu que eu depositasse numa bandeja: cortador de unhas, chaves, canivete... bagulhos que velhos carregam, só depois tentando a travessia pela porta da infelicidade!

Tirei do bolso as moedinhas de Real, troco do lotação, fiz o em-nome-do-pai e me aventurei numa primeira travessia! Digo aventurei porque a um passo rumo ao lado de lá, luzes cintilaram, a campinha disparou, e eu refuguei que nem pangaré assustado, ouvindo o segurança dizer:- O senhor esqueceu mais alguma coisa! Quando criança, ao subir numa árvore para resgatar um gatinho fujão, caímos ambos... Ele morreu, e eu quarei meses de molho na cama, com pinos juntando ossos da perna! Mas isto faz tanto tempo que o metal já se derreteu dentro de mim!

Como último recurso o guarda me orientou que tirasse o cinto, por conta da fivela. Calças de velhos sem os cintos a tendência é que obedeçam a Lei de Newton, isto é, caiam! Apanhei as minhas na altura dos joelhos! E o maldito portal me deu outra vaia luminosa! Cabreiro diante deste caquinho que se faz passar por gente, ou por julgar que não sou capaz de jogar uma pedra com estilingue, o segurança animou-me a outra tentativa. Porém, cuidadoso varreu meu corpo com um trem parecendo raquete de tênis, que emitia zunidos zuim-zuim-zuim... qual fosse alarme em carrinho de bebê! Ora, veja! O vilão da trapalhada era o fecho ecler da blusa de frio que eu usava. Junho é mês de friagem. Qualquer ventinho atravessado e se vai acertar contas no céu, sob as barbas de São Pedro.

Nunca fui nem tenho aparência de bandido. Quando muito, num filme de faroeste me dariam o papel de pianista do "saloon"! Aquele sujeito com roupas descuidadas, óculos, chapéu-coco, invocado... O maior tiroteio e ele tocando piano como se nada acontecesse. Não se justifica tanta segurança em Agência do INSS - se a freguesia é toda de bagaços de cana moída, como eu! Será que, disfarçando, o Banco Central agora deposita lá suas reservas? Bem que estou precisado de uma graninha extra para.... Se eu disser meus filhos me interditarão judicialmente: o pai perdeu o restinho de juízo que nunca teve!

NOTA- colega sensitiva alertou-me para mudar o título da crônica; como acredito em bruxa, amor, E.T. não me foi difícil atendê-la.

dilermando cardoso
Enviado por dilermando cardoso em 24/10/2010
Reeditado em 03/03/2011
Código do texto: T2576137