NOVAMENTE ERROS

Novamente erros...

E a sensação de culpa atormenta-me, como um soco forte no estômago.

Tento te ligar, mas a covardia sempre foi meu forte.

Jogo-me na cama em meu quarto escuro. É o máximo que posso fazer. Tento mentir pra mim mesmo, procuro uma resposta, ainda que seja a mais errada. Tudo o que consigo é abrir os olhos e ver-me jogado em cima da minha cama.

Lá fora, o sol poente despede-se dando boas vindas a uma lua minguante. Sempre fui bom com astros e o zodíaco. Sempre afastei de mim as pessoas com quem me importava, no momento em que mais precisava delas. É um talento nato, uma herança genética. Inegável.

O celular toca, certamente é um amigo. Ainda restam alguns. Só que hoje, preciso estar só. Fazer companhia a mim mesmo far-me-á bem. Só eu me entendo, ou procuro me entender... E neste momento estou mais perto de mim do que qualquer pessoa esteve ou estará um dia.

Geralmente provoco curiosidade e repulsa.

Notáveis frutos de minha fadiga e solidão. Palavras notórias que disfarçam em forma de poesia minha condição tão humana de impotência diante da vida.

É meio como morder a língua ao saborear um doce desejoso, muito embora eu tenha avertência ao açúcar, produto de um metabolismo tão lento como eu. Mas voltando ao doce, e ao morder a língua e ao alivio (da fome saciada) misturado com a dor causada pelo dente rasgando a carne. É o que sinto. É a repulsa da alma. O sabor nem sempre azedo da despedida ao despertar pro hoje, pro agora, já.

Talvez tua ausência seja a prova concreta que eu precisava para constatar que nunca precisei mesmo de você.

Precisar só é suficiente quando há a disponibilidade do outro em ajudar, e minha auto-suficiência começa a justificar todas as angústias de agora.

O telefone ainda está tocando, resolvo atender e marco de sair com meus amigos, afinal, o que me resta? Algumas cervejas e dormir?

O mundo está lá fora, e mesmo não estar pronto, capacita-me a correr para ele pedindo socorro a qualquer um. Quem ouvirá? Quem...

Hudson Eygo