NATAL

Afinal o que é o natal? Uma data pra se dividir momentos felizes com a família, dá e receber presente, encher a cara de vinho ou outra bebida qualquer, iniciar um barraco.

As matriarcas perdem horas na cozinha, preparam mesas fartas para a ceia, enquanto passamos fome o dia inteiro:

- Não coma isso agora! é para a ceia. (se não roubamos uma rabanada ainda quente, um bolinho de bacalhau... sentimos fome no duro).

A noite a ceia fica linda! Mas é tanta comida, tantos cheiros ao mesmo tempo, que o estômago fica enjoado, comemos algo aqui e ali e os olhos se enche, e a comida sobra toda para o bendito enterro dos ossos no dia seguinte...

Ninguém pensou em Jesus, ninguém fez uma oração só se pensou em comer, receber presente, falar mal da fulaninha que tá de olho no fulaninho, como não sei quem engordou... e por ai vai.

Por essas e outra que o melhor é não entrar nessa no natal, mas ai bate o peso do isolamento, é o mesmo que não torcer em dias de copa do mundo, aqui no Rio, todas as outras mentes estão conectadas em um único foco. Sentimos o vazio de não fazer parte desse todo social, nessas horas sentimos como é esse tal fluído cósmico universal, como o pensamento faz uma rede interligada com todos os seres, como captamos e transmitimos num intercâmbio silencioso e ao mesmo tempo com muito ruido. Sei que parece papo de doido, mas tente em um desses momento de comoção coletiva, sentir algo diferente, depois me diga.

E viva o natal, as férias de dezembro, o dolar caindo, o bacalhal barato, o amor subindo e descendo deliciosamente... E o rabo do tatu...