Inconfessável Segredo (EC)
Segredo que é inconfessável não se pode impor ao outro, sob pena de não mais merecer o título de segredo, penso que por duas razões. Primeiro porque ao ser revelado, mas sem que seja ressalvado que é segredo o outro pode sem qualquer restrição ou peso na consciência passá-lo adiante, o que o faz, no mais das vezes, ampliando, reduzindo ou modificando a versão original. Se ressalvado que é segredo, mas “pelo amor de Deus” não pode ser revelado a outros, a mente humana registra “conte para outro de sua confiança, não diga que eu disse e peça-lhe também que guarde segredo”.
Há também aqueles que por força da profissão devem manter segredo do que ouvem em seus ofícios. Excluindo a situação do sigilo profissional, para o comum dos mortais há mesmo o segredo que corre de boca em boca com a velocidade que a nossa inquietação permite. O poder conferido a nós pelo fato de sabermos de algo que pensamos ser os únicos a saber nos faz deuses por alguns instantes.
A comichão de revelar o segredo talvez se deva ao uso do "não". Esta pequena palavra, que cedo na vida aprendemos a repudiar e fazer exatamente o contrário pode ser o estopim que faz da coceira a revelação do que nos segredam. Quando a mãe dizia “fulaninho não faça isto”, a tradução simultânea da mente infantil era “faça logo isto fulaninho”! Talvez seja daí que vem a impossibilidade de existir segredo inconfessável, pelo menos, segredo que seja revelado com a pecha de não ser passado adiante.
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Este texto faz parte do Exercício Criativo - Inconfessável Segredo
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/inconfessavel.htm
Segredo que é inconfessável não se pode impor ao outro, sob pena de não mais merecer o título de segredo, penso que por duas razões. Primeiro porque ao ser revelado, mas sem que seja ressalvado que é segredo o outro pode sem qualquer restrição ou peso na consciência passá-lo adiante, o que o faz, no mais das vezes, ampliando, reduzindo ou modificando a versão original. Se ressalvado que é segredo, mas “pelo amor de Deus” não pode ser revelado a outros, a mente humana registra “conte para outro de sua confiança, não diga que eu disse e peça-lhe também que guarde segredo”.
Há também aqueles que por força da profissão devem manter segredo do que ouvem em seus ofícios. Excluindo a situação do sigilo profissional, para o comum dos mortais há mesmo o segredo que corre de boca em boca com a velocidade que a nossa inquietação permite. O poder conferido a nós pelo fato de sabermos de algo que pensamos ser os únicos a saber nos faz deuses por alguns instantes.
Outro problema dos que confessam segredos com a proibição de passá-los adiante, como se disso dependesse a vida deles, é o da imposição de responsabilidade ao outro que nem o dono do segredo conseguiu cumprir, do contrário não teria a necessidade de contar. Ora, se a ele o segredo não coube como inconfessável, é bem possível que a vítima que ele escolheu para contá-lo também não consiga mantê-lo por muito tempo.
A comichão de revelar o segredo talvez se deva ao uso do "não". Esta pequena palavra, que cedo na vida aprendemos a repudiar e fazer exatamente o contrário pode ser o estopim que faz da coceira a revelação do que nos segredam. Quando a mãe dizia “fulaninho não faça isto”, a tradução simultânea da mente infantil era “faça logo isto fulaninho”! Talvez seja daí que vem a impossibilidade de existir segredo inconfessável, pelo menos, segredo que seja revelado com a pecha de não ser passado adiante.
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