Coisas da vida...

Em uma cidade distante, num país que não se sabe pronunciar, próximo ao vale do rio doce, existe uma casinha bem humilde, feita com madeiras de eucalipto, palhas de coqueiro e muito carinho. Dizem os matutos que nesta casa havia uma criança. Os pais? Nunca se ouviu falar... O sexo? Um mistério...

Havia também (não posso deixar de falar) uma “coisa” cujo nome era Barro. Uma figura intrigante: não fala, não ouve, não enxerga, tampouco se mexe; somente sente. Um tetraplégico? Creio que não. Um marciano? Improvável. O que se sabe é que este Barro era o fiel amigo da criança. Bom ouvinte, bom companheiro; não sabe dizer “não”, nunca está ocupado, sempre disponível. Enfim, estes dois viviam sozinhos naquela casa feita com madeiras de eucalipto, palhas de coqueiro e muito carinho, em uma cidade distante, num país que não se sabe pronunciar, próxima ao vale do rio doce.

Todas as noites antes de dormir, a criança pedia para a fada (vaga-lumes que passavam por ali) que seu amigo Barro tivesse vida. O tempo passou, a criança deixou de ser criança; o Barro continuou sendo o mesmo Barro. A ex-criança não tinha mais tempo para o Barro que aos poucos foi enfraquecendo e desaparecendo. Um belo dia, a ex-criança chegou em casa e somente depois de 3 horas reparou que o Barro não estava mais lá. Até que um vaga-lume (também conhecido como fada) apareceu em sua frente e perguntou por Barro. A ex-criança não sabia responder; a única coisa que sabia era que a fada nunca atendera seu pedido. Não sabia ele que a fada ouviu seu pedido e deu vida ao Barro, porém, nesta vida era sempre alimentada pelo grande vínculo que existia entre os dois, coisa que o tempo apagou.

Viveu solitária a ex-criança na sua casinha humilde, feita com madeiras de eucalipto, palhas de coqueiro e muito carinho, numa cidade distante, num país que não se sabe pronunciar, próxima ao vale do rio doce.

Criada em 24/05/2006

Lucas Luis
Enviado por Lucas Luis em 09/10/2006
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