Os ditos populares

Um jornalista dava uma palestra sobre o comportamento seguro e num dado momento, para descontrair a platéia, largou um provérbio conhecido: mais vale um pássaro na mão do que dois voando. Foi uma confusão daquelas. Na platéia estavam dois ambientalistas. É claro que todos preferimos os pássaros livres, mas arrêgo! Como têm gente que adora polemizar e se locupleta com uma confusão.

O mundo piorou muito. As relações são fragmentadas. Ácidas. Invejosas. Beligerantes.

Eu que adoro provérbios populares, botei as barbas de molho. Imagina se numa palestra uso um destes ditos e me desdito? É, vou ter que me cuidar mais com os beligerantes e com os que vivem com problemas hepáticos. Sim, por que só pode ser bile a causa de tanto azedume.

Que mal há nos provérbios? O quê? São dúbios? Duplo sentido? Mas é aí que reside a sua beleza. São tiradinhas curtas para os inteligentes. Duplicidade de sentido. Ou alguém pensa mesmo que água mole em pedra dura tanto bate até que fura? Se foi o tempo em que de grão em grão a galinha enche o papo, hoje os aviários são controlados pela cibernética e até sua comida tem sais minerais, proteínas e se duvidar, Omega 3, tudo balanceado!

O certo mesmo ( e esse nunca cai de moda) é que em briga de marido e mulher não se mete a colher , por que não dá nem mesmo para confiar mais no Deus ajuda quem cedo madruga; beleza não põe mesa, o que vem fácil vai fácil e quem tudo quer tudo perde! Esse tempo já passou. Este é o país das meias, malas, cumbucas e cuecas.

Gosto mesmo dos ditos gauchescos. Olha que beleza de elogio: mais fina do que assovio de grilo, que mulher não adoraria? O tempo fica fechado mesmo quando o gaúcho te olha, coça o bigode, coloca as mãos na cintura e manda : tu vais ter que passar pela argola do meu mango! Ala putchia!

E o que dizer de mais faceiro do que lambari de sanga? É, concordo que está em desuso, pois as sangas já não tem lambaris pulando e sim garrafas pet boiando.

Admito que os provérbios, apesar de feitos para pessoas sagazes e rápidas de raciocínio, possuem mesmo duplo sentido e algumas vezes podem ser mal interpretados. Mas são bonitos, alegres e inofensivos.

Como os tempos mudaram, alguns ditos populares foram também se adaptando ao mundo moderno, por isso em vez de na noite os gatos são pardos, ouço a mulherada dizer que na verdade, os gatos são de Rio Pardo! E quem ama o feio é por que o bonito não lhe aparece, pois mais vale um homem feio na mão do que dois bonitos se beijando! (nada contra, mas sou hetero).

De mais a mais, é no andar da carroça que se acomodam as melancias, nunca esquecendo também que praga de urubu não mata cavalo gordo!

Rejane Savegnago
Enviado por Rejane Savegnago em 11/11/2010
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