Partilhas e Partilhas...
Cada um tem o olhar que tem e nele se confirma como ser de amor, ou de preconceito...
Uma tarde qualquer, a mãe de uma criança me aborda, toda aflita:
-O que eu faço com Luizinho? É colega de meu filho, não tolero o jeito dele ser, é um mau exemplo para a turma, a escola devia remanejá-lo para outro turno...
Um outro dia, um outro encontro... Vejo uma criança, cara de anjo, alegre e terna, percebo, pela conversa, que estuda com Luizinho e pergunto:
- Você é colega de Luizinho?
- Ah, o marronzinho? Estudo com ele sim...
-Como é ele?
-É um menino, uai, como eu, como todos, menino é tudo igual...
Quisera eu confirmação do que dissera a mãe e, no entanto, para aquele menino de olhar doce e cabelos encaracolados, Luizinho era apenas outro menino, um companheiro de escola...
Ah, essas nossas crianças tão bonitas, tão diplomatas, espontâneas e imparciais.
Qualquer adulto teria aproveitado para semear mais preconceito, mas o menino tem o olhar do amor. No seu coração, palpita a solidariedade, cuja semente é de Paz, de acolhida e inclusão...
Partilhas e partilhas, palavras e palavras: dou-lhes Vida, ou me calo para sempre...