I N F I D E L I D A D E S...

Por razões que ultrapassam as linhas desta crônica, não concordo em gênero, numero e grau com muitas coisas feitas pelos judeus: a Faixa de Gaza é um exemplo. Antes que seja apedrejado, todavia, não omitirei meu reconhecimento de que nos livros sagrados deles - Torá e Talmude -, surrupiados pelos cristãos para formar o Antigo Testamento da Bíblia, encontram-se verdadeiros tesouros literários. Caso a curiosidade do leitor seja despertada por meus devaneios, despindo-se de rabugices religiosas e sem que necessite estender-se em demasia, poderá deliciar-se numa visitinha aos livros de Jó, Eclesiastes, e Cântico dos Cânticos. Deste, atribuído ao rei Salomão, deixo como aperitivo o verso inicial: “Receba eu um beijo da tua boca, porque os teus amores são mais deliciosos que o vinho; inebriantes como os mais agradáveis perfumes...” De quantos preconceitos, Senhor, padres e pastores nos fizeram e fazem vítimas, se Vós sois o puro Amor!

O versículo mais recitado do Eclesiastes diz: “Vaidade das vaidades, tudo é vaidade!” - não significando que se deva descuidar do corpo. Bem sabe disto o Djalma Santiera, famoso chaveiro de Bom Despacho. Com as medidas abarrotadas pela encheção dos amigos, que lhe pegavam no pé por causa dos cabelos prematuramente brancos, decidiu pintá-los de preto-passopreto! Seus vizinhos Cauby-barbeiro, Cezim da Zema e Breno do Correio que se revezavam perguntando a que hora tiraria ele a neve da cabeça, com a tintura foram ainda mais implacáveis. Atendidos pelo chaveiro em sua lojinha, não perdiam a chance de lhe aporrinhar. Fingindo não reconhecê-lo, pediam: “Chama o Djalma, seu irmão mais velho, pra mim!” Ou, sacanas, à porta do Chaveiro Central castigavam o dono: “Uai, não sabia que o Santiera tinha filho deste tamanho - não, sô!”

Festa pra valer fez outro conhecido meu, ao atingir a Idade do Lobo! Isto é: a passagem para os anos ‘enta’ – quarenta... Trocou a mocreia, também quarentona, por duas gatas de vinte aninhos - uma loura e outra morena - pra não se confundir! Tudo esteve sob controle, até o dia que a morena suspeitou não ser dela o perfume na alça do cinto de segurança do carro! Quase terminou em barraco. Porém o ‘bandidão’ teve uma ideia brilhante: presenteou a loura com o mesmo perfume da 'outra', suplicando-lhe que usasse sempre!

Tem muita gente que não acredita nas prosas de fim-de-semana, publicadas aqui. Pois saibam: tirando as mentiras, é tudo verdade! Tal como o caso do F. B. N., que nas ‘paqueras’ inventava viagens repentinas, sem chance de que a patroa fosse junto. Da última escapada arranjou um encontro de negócios com empresários estrangeiros, na vizinha e progressista Nova Serrana... que duraria sábado e domingo - inteiros! Dias depois um jornal da cidade publicava a inauguração da mais badalada boate de “New Hill” - como escreveu o deslumbrado colunista! A foto oficial do evento ocupou meia-página e até um cego poderia reconhecer nela o F. B. N., animadão! O tempo fechou em casa. Mas como tudo que é moderno serve tanto para condenar, quanto para o benefício da dúvida, ele jurou e a esposa acreditou tratar-se de ‘photoshop’ - armação que algum desafeto lhe armara a fim de prejudicar seus negócios!

Para ninguém reclamar que entrego os outros e covarde escondo meus podres, confesso um pecadilho: eu tava enrolando duas namoradas ao mesmo tempo... No aniversário de uma escrevi-lhe - mais pateta do que poeta – apaixonado acróstico: poesia onde juntando a primeira letra de cada verso forma-se o nome da pessoa homenageada. Misturei as marchas e a Jennifer recebeu o acróstico da Priscila! E eu, de cada uma delas, recebi sonoro e dolorido pé-na-bunda!

dilermando cardoso
Enviado por dilermando cardoso em 20/11/2010
Reeditado em 14/12/2010
Código do texto: T2625802