A grande questão

Ao escrever Hamlet, Willian Shakespeare criou uma das mais famosos questionamentos filosóficos-existênciais da Literatura (e da própria humanidade). A frase "ser ou não ser", proferida pelo príncipe dinamarquês ressoou de tal maneira que tornou-se intensamente conhecida, até por quem desconhece totalmente a sua origem. Não canso-me de aplaudir a genialidade do mestre Shakespeare, cuja obra segue imortal, mesmo depois de 400 anos da morte do autor. Séculos depois do questionamento de Hamlet ter saído da caneta de Shakesperare, a humanidade continua tecendo reflexões sobre o seu papel na vida, ou diante de questões de difícil resolução. Mas o que somos ou deixamos de ser? Que questão é essa? A verdade é que nos iludimos com as funções que desempenhamos no dia-a-dia. Frente ao espelho, visualizamos nossas roupas, enfeites e acreditamos que, nós, tridimensionalmente somos o reflexo do que estamos a admirar, bidimensionalmente. Muitas vezes, narcísicamente.

Não é, de maneira alguma, nossa profissão, nossos diplomas, nossos hobbys que indicam quem somos. Tampouco nossa roupa e nossas posses podem servir como referencial. Podemos exercer qualquer profissão, sermos os melhores (em quê?) Podemos vestir a roupa mais simples ou a mais cara. Mas ela é apenas uma vestimenta e nada mais. O que, então, determina o nosso real ser? Alguns podem dizer que é a personalidade. Será possível? Até porque somos um emaranhado de personalidades em conflito. Num momente estamos felizes. E, no outro, tristes. Num momento, amamos. No outro, odiamos. Vamos aos extremos. Por isso a personalidade não pode indicar, verdadeiramente, quem somos, pois ela não permite que tenhamos o equilíbrio necessário para que cheguemos à luz da compreensão. A cada momento, a personalidade se apresenta com uma faceta diferente. Persona, em latim, quer dizer máscara. Assim, manifestamos personalidades como máscaras e elas acabam escondendo o nosso verdadeiro "eu" de nós mesmos. Não somos nossas paixões, não somos os nossos defeitos, nem nossos hábitos. Quem somos e o quê somos? Você já se perguntou? Somos ou não somos? Eis a questão...

Márcio Brasil
Enviado por Márcio Brasil em 14/10/2006
Código do texto: T264198
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