Complexo do Alemão

Also… Haben Sie gedacht, dass ich einige sache über Rio de Janeiro schreiben wird?

(pois é, você pensou que eu ia falar alguma coisa sobre o Rio de Janeiro!)

Nein! Entschuldigen Sie mir Bitte, aber, die „Complexo do Alemão“was ich screiben will ist wirklich geschicht auf personen die in Deutschland leben! Schade!

(Não!, desculpe-me, mas o “Complexo do Alemão” sobre o qual quero escrever, é realmente uma história sobre pessoas que vivem na Alemanha! Que pena!)

Pois é, complexos muitos têm, mas tem alemão que tem mais ainda...

Quando morei lá pelas bandas de Erlangen, próximo à Nuremberg, Bavária no Sul da Alemanha conheci muitos alemães (claro) e aprendi a pensar um pouco como os tais.

Percebi que, quando se dedicam à uma amizade, se devotam de tal forma que deixariam a família para atender um amigo.

Atrás daquelas caras feias, escondem um coração áureo. Gostam de presentear, sentem enorme satisfação quando os convidamos para um jantar em casa - é o superlativo da consideração!

Trazem presentes, contam histórias, falam do passado, bebem um montão de cerveja (tenha um estoque apropriado para isso, e... fora da geladeira - esse negócio de cerveja super-gelada é para país tropical), e ficam eternamente agradecidos pelos convites.

Certamente planejarão um evento desses também e te convidarão envaidecidos.

Aqueles alemães que tiveram experiências fora da Alemanha, naturalmente tem um relacionamento diferenciado. Conseguem melhor assimilar outras culturas. Assim, o relacionamento é mais ameno e mais compreensivo, e ajudam muito na comunicação, ou seja, na complementação das ideias. Com isso aprendem e ajudam os interlocutores a prenderem também.

Bom, a verdade é que após encontrarmos o caminho dos corações deles, verificamos que são maravilhosos, solícitos, amigos, preocupados, etc... e tive assim várias experiências interessantes naquele país.

Mas, o alemão complexado que quero falar aqui é aquele que nunca teve nenhuma experiência fora do seu país. Conhece coisas de países tropicais como o Brasil, de forma muito superficial. Não são dados à preocupações com conhecimentos gerais como nós. Não lhes agrega muito saber nomes de capitais, de estados que compõem outros países, de política, enfim, vivem alienados dessas coisas todas, porque simplesmente não precisam disso.

Estava eu no escritório, quando chega um Alemão desses e diz:

- Eu nunca iria a uma país como o seu, o Brasil!

- Puxa, é mesmo? – disse-lhe, sem muita surpresa com a afirmação dele.

Assim mesmo, quis saber porque, até mesmo para dissimular meu desinteresse pela conversa, perguntei-lhe:

- Mas porque você não visitaria o Brasil?

- É porque lá tem muito mosquitos! – Me respondeu.

Bom, eu esperava qualquer outra resposta, mas essa, realmente era a menos provável que estivesse no meu rol de argumentos para europeus de forma geral: Bandidagem, corrupção, acidentes, assassinatos, cobras (Schlang ), raptos e sequestros, miséria, favelas, drogas, cocaína, maconha, tiroteios, balas perdidas, morros cariocas, enfim, tudo aquilo que a TV local adora mostrar.

Mas, pacientemente apenas respondi:

- É, realmente é muito perigoso lá... você não deve mesmo ir lá! Melhor que fique aqui... nunca saia daqui da Alemanha para lugar algum!

Mas, a grande preocupação que ele tinha, afinal, era com as doenças endêmicas e tropicais que aqui temos, das quais estamos já imunizados ou com maiores condições naturais de suportá-las.

Nesse ponto até que o entendo.

Mas, o tal alemão ainda assim, quis saber por que eu concordava com o pensamento dele, mas, eu realmente não estava com muita preocupação em convencê-lo de que aqui tinha algum perigo, afinal, seria eu contra todas as notícias que minavam qualquer ensaio de argumentos favoráveis.

Assim, não valeria a pena avançar nessas questões.

O que percebi, nitidamente, é que, o alemão “comum” com o qual eu conversava, tinha um determinado Complexo de Doenças – era uma hipocondríaco.

Existem muitos hipocondríacos na Alemanha, que são incentivados pela propaganda livre, de muitos produtos naturais, que, aliás, lá é muitíssimo desenvolvido. Até hoje ainda compro ou peço para alguém me compre alguns, p.ex. Acktuvan – que é um santo remédio para mulheres que tem problemas de Cistite, feito de uma espécie de amora silvestre de lá.

Bom, meu caro amigo lamento tê-lo decepcionado, mas se quiser saber algo sobre o “Complexo do Alemão”, hoje em destaque na “media” sensacionalista, melhor você ligar a TV e irá encontrar muito mais do eu poderia aqui relatar.

Que bom que aqui não vem os alemães complexados!

Ah!, Aproveitando o ensejo, espero mesmo que os morros do Rio de Janeiro, entre os quais, o Complexo do Alemão (um dia descubro o porquê desse nome) passem a viver em paz, onde reine a tranquilidade daqui para a frente, e que seu povo resgate realmente a liberdade e passe a mostrar ao mundo que ser pobre jamais poderá significar ser bandido.

Aliás, o pobre, já por condições naturais de exclusão social, neste país cheio de corrupção, ainda tem que levar a fama de ser bandido. Fama essa que lhes foi paulatinamente atribuída, pelos mesmos corruptos que tomam assento nas assembleias de representação do povo. Esses sim deveriam ser os primeiros a serem decapitados, para mostrar como se inicia a consertar um país cheio de mazelas políticas, que há muito tempo deixou o povo à mercê de sua própria sorte.

MARCO ANTONIO PEREIRA
Enviado por MARCO ANTONIO PEREIRA em 01/12/2010
Código do texto: T2648161
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